Temporada 5
Episódio 2 – Reencontros
Tina estava saindo da agência bancária apavorada, morria de
medo do golpe da saidinha de banco.
Não que tivesse muito dinheiro para alguém roubar, mas não
queria levar um tiro ou coisa parecida. Mas acabou tomando outro tiro.
Trilha desta cena: https://www.youtube.com/watch?v=59NoqP02ZYM
Sentiu-se baleada quando, preocupada em segurar sua bolsa
sem parecer estar carregando o valor inteiro da mega sena da virada, esbarrou
em Rafael.
Fazia tempo que não o via. Nos segundos que teve antes de
pensar em algo para dizer não pôde deixar de reparar que ele continuava lindo,
lindo demais.
“Mas eu estou muito mais”, pensou ela, jogando os cabelos
para trás como se fosse uma diva do pop.
- Oi, Rafael.
Disse ela, num tom de voz mais seco que a reserva da
Cantareira.
Rafael demorou um pouco para responder, mas disse, um tanto
abobalhado:
- Como vai, Tina?
- Eu? Eu tô bem. Eu tô ótima. Não, eu tô é maravilhosa.
Aquilo soou tão verdadeiro quanto a gravidez da moça de
Taubaté.
Tina reparou que Rafael segurava um pacote da loja de
cupcakes que ela adorava. Ele sempre comprava pra ela, com cobertura de doce de
leite.
Sentiu outro tiro no peito. Uma saudade, uma dor física
comparada a uma câimbra na perna quando se tem pressa.
Talvez aqueles cupcakes fossem para uma nova namorada.
Talvez a sua falsa gravidez fosse apenas a ponta de um
iceberg. Talvez Rafael já quisesse se separar há muito mais tempo e usou como
pretexto.
Sentiu-se ferida por
constatar isso, o que só provou que ainda não havia superado Rafael como imaginava.
- Bom, preciso ir, antes que
algum pivete me assalte e roube os trinta reais que retirei pra pagar o creme
da Natura. Tchau.
Sentiu-se muito, mas muito
idiota por dar aquela satisfação. E só de raiva não iria pagar o creme, mas
gastar tudo em cupcakes para comer sozinha, em casa, ouvindo Adele.
***
Bia saiu do trabalho
apressada, havia marcado de jantar com o garoto das trufinhas em um restaurante
vegetariano. Não que fosse vegetariana, mas até gostava de algumas coisas dessa
culinária.
O encontrou no meio do
caminho. Ele vestia a sua clássica camisa de listras azuis. Achava bonito.
Bia sentiu que o clima de
encantamento diminuía, mas não conseguiu responder para si mesma se era culpa
sua por simplesmente não ter mais interesse, ou se era o fato do garoto se
comportar como se fossem namorados.
Bia podia estar apenas
assustada. Por isso achou que devia continuar.
Eles pediram uma pizza, e
enquanto esperavam, intercalaram momentos de silêncio e pequenas implicâncias
disfarçadas de brincadeira.
Bia odiava quando alguém
perguntava seu filme/série favorito e desandava a falar mal.
Ninguém é obrigado a gostar
de nada, mas precisa ter cautela em criticar. Ficou puta, também, quando ele se
mostrou apavorado por ela não ter visto um filme que, segundo ele, era
clássico.
- Não sou obrigada.
Disse.
A pizza chegou. Comeram em
silêncio.
***
Enquanto isso Marcela chegava
na casa do mordedor.
Depois de duas semanas
pedindo para não ser mas mordida e até enviando foto de sua boca machucada pelo
whatsapp, esperava sair inteira naquela noite.
Ele a beijou com cuidado, sem
mordida, apenas com carinho.
E Marcela adorou isso.
Sentaram no sofá e ele trouxe
umas bebidas que havia comprado. Marcela sempre ficava nervosa na primeira vez
que ia na casa de um desconhecido. Pensava mil coisas, do tipo ser assaltada,
espancada, ou que colocassem alguma coisa na sua bebida para que desmaiasse e
acordasse horas depois numa banheira sem um rim.
Avaliou o tamanho do
apartamento, e constatou que era pequeno demais para ter uma banheira.
Mas aceitou a bebida. E
conversaram bastante.
O mordedor falou que estava
com dor nas costas porque ergueu uma enorme TV para limpar o móvel, mas que
logo iria melhorar.
Marcela achou graça quando
ele parou de beijá-la para tomar um Torsilax.
Ele se encostou um pouco no
sofá e apenas ficaram escutando música. Alguma rádio pop adulto tocava Sade. A
cena ficou perfeita, apesar de Sade lembrar de um antigo encontro que teve. Mas
isso é história para outro momento.
Marcela se despediu,
precisava pegar o último metrô.
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