terça-feira, 21 de abril de 2015

Amores WI-FI - Temporada 5 Episódio 2: Reencontros






Temporada 5
Episódio 2 – Reencontros


Tina estava saindo da agência bancária apavorada, morria de medo do golpe da saidinha de banco.

Não que tivesse muito dinheiro para alguém roubar, mas não queria levar um tiro ou coisa parecida. Mas acabou tomando outro tiro.


Sentiu-se baleada quando, preocupada em segurar sua bolsa sem parecer estar carregando o valor inteiro da mega sena da virada, esbarrou em Rafael.

Fazia tempo que não o via. Nos segundos que teve antes de pensar em algo para dizer não pôde deixar de reparar que ele continuava lindo, lindo demais.

“Mas eu estou muito mais”, pensou ela, jogando os cabelos para trás como se fosse uma diva do pop.

- Oi, Rafael.

Disse ela, num tom de voz mais seco que a reserva da Cantareira.

Rafael demorou um pouco para responder, mas disse, um tanto abobalhado:

- Como vai, Tina?

- Eu? Eu tô bem. Eu tô ótima. Não, eu tô é maravilhosa.

Aquilo soou tão verdadeiro quanto a gravidez da moça de Taubaté. 

Tina reparou que Rafael segurava um pacote da loja de cupcakes que ela adorava. Ele sempre comprava pra ela, com cobertura de doce de leite.

Sentiu outro tiro no peito. Uma saudade, uma dor física comparada a uma câimbra na perna quando se tem pressa.

Talvez aqueles cupcakes fossem para uma nova namorada.

Talvez a sua falsa gravidez fosse apenas a ponta de um iceberg. Talvez Rafael já quisesse se separar há muito mais tempo e usou como pretexto.

Sentiu-se ferida por constatar isso, o que só provou que ainda não havia superado Rafael como imaginava.

- Bom, preciso ir, antes que algum pivete me assalte e roube os trinta reais que retirei pra pagar o creme da Natura. Tchau.

Sentiu-se muito, mas muito idiota por dar aquela satisfação. E só de raiva não iria pagar o creme, mas gastar tudo em cupcakes para comer sozinha, em casa, ouvindo Adele.


***


Bia saiu do trabalho apressada, havia marcado de jantar com o garoto das trufinhas em um restaurante vegetariano. Não que fosse vegetariana, mas até gostava de algumas coisas dessa culinária.

O encontrou no meio do caminho. Ele vestia a sua clássica camisa de listras azuis. Achava bonito.

Bia sentiu que o clima de encantamento diminuía, mas não conseguiu responder para si mesma se era culpa sua por simplesmente não ter mais interesse, ou se era o fato do garoto se comportar como se fossem namorados.

Bia podia estar apenas assustada. Por isso achou que devia continuar.

Eles pediram uma pizza, e enquanto esperavam, intercalaram momentos de silêncio e pequenas implicâncias disfarçadas de brincadeira.

Bia odiava quando alguém perguntava seu filme/série favorito e desandava a falar mal.

Ninguém é obrigado a gostar de nada, mas precisa ter cautela em criticar. Ficou puta, também, quando ele se mostrou apavorado por ela não ter visto um filme que, segundo ele, era clássico.

- Não sou obrigada.

Disse.

A pizza chegou. Comeram em silêncio.


***


Enquanto isso Marcela chegava na casa do mordedor.

Depois de duas semanas pedindo para não ser mas mordida e até enviando foto de sua boca machucada pelo whatsapp, esperava sair inteira naquela noite.

Ele a beijou com cuidado, sem mordida, apenas com carinho.

E Marcela adorou isso.

Sentaram no sofá e ele trouxe umas bebidas que havia comprado. Marcela sempre ficava nervosa na primeira vez que ia na casa de um desconhecido. Pensava mil coisas, do tipo ser assaltada, espancada, ou que colocassem alguma coisa na sua bebida para que desmaiasse e acordasse horas depois numa banheira sem um rim.

Avaliou o tamanho do apartamento, e constatou que era pequeno demais para ter uma banheira.

Mas aceitou a bebida. E conversaram bastante.

O mordedor falou que estava com dor nas costas porque ergueu uma enorme TV para limpar o móvel, mas que logo iria melhorar.

Marcela achou graça quando ele parou de beijá-la para tomar um Torsilax.

Ele se encostou um pouco no sofá e apenas ficaram escutando música. Alguma rádio pop adulto tocava Sade. A cena ficou perfeita, apesar de Sade lembrar de um antigo encontro que teve. Mas isso é história para outro momento.


Marcela se despediu, precisava pegar o último metrô. 

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