quinta-feira, 30 de abril de 2015

Amores WI-FI - Temporada 5 Episódio 9: Inferno Astral




Temporada 5
Episódio 9 – Inferno astral




Marcela estava mais insuportável do que nunca.

Apesar de não acreditar, justificava para si mesma que era culpa dos últimos dias do seu inferno astral.

Em poucos dias teria que fingir simpatia com todos que viessem lhe cumprimentar e responder as inúmeras mensagens no Facebook, Twitter, Lastfm, Linkdin, Tinder, etc.

Marcela não era assim tão amarga, até gostava de aniversário, só não tinha o hábito (e vontade) de comemorar. Uma vez até comemorou. Escolheu lugar, um bar super descolado, escolheu roupa nova, convidou um monte de gente e foi meia dúzia de gato pingado.

Pelo menos foram os gatos pingados que estavam sempre por perto <3 p="">

Mas o fato é que Marcela andava irritadíssima, e não tinha a ver com hormônios. Ao menos achava que não. Andava até descontando no mordedor, que tinha o péssimo hábito de fazer brincadeiras implicantes, o que Marcela não curtia quando estava interessada em alguém.

Ele implicava, ela ficava puta elevada ao cubo.

Sentia-se mal em xingar o mordedor. Mas ela se deu conta que, na maior parte das vezes, ele achava que ela estava brincando.

Menos mal.

Naquela tarde, enquanto navegava pela internet sem propósito, Marcela pensou no seu aniversário. Um amigo perguntou por DM no Twitter:

- Como você se sente em época de aniversário?

E ela não soube responder de imediato. Mas disse, depois, que muitas vezes sentia tristeza, um pouco de solidão.

Era estranho sentir tristeza, ela bem sabia, porque fazer aniversário significa estar vivo, não é? Mas era como no Natal. Marcela sempre chorava quando ouvia Estrela Guia nos especiais da Xuxa.

Aniversário pra ela tinha um pouco disso.

E significava, também, que o tempo havia passado e nem metade das resoluções da infância se tornado realidade.

Claro que muita coisa era proveniente da cultura em que estava inserida, tipo estar casada aos 30, com filhos, ou então ser uma mulher extremamente bem sucedida, para os mais modernos.

Mas nem uma coisa nem outra no seu caso.

Estava feliz, trabalhava com o que gostava. Mas queria dar uma reviravolta nas coisas, queria criar uma cena de filme na vida real. Não podia.

E disse isso tudo para o amigo, que apenas falou:

- Tente ficar feliz com seus amigos.

E ela ficou feliz, de verdade.

Olhou para Bia sentada no sofá, que estava teclando no whatsapp com o menino das trufas. Ela parou de digitar e sorriu para Marcela. Estavam sempre em sintonia uma com a outra, e essa cumplicidade bastou para se sentir melhor.

De qualquer forma rezou para que o inferno astral acabasse, estava começando a ficar irritada demais com tantas mensagens diárias do mordedor.

- Eu só to com saudades.

Disse ele. Como num tiro de flores, dessas pistolinhas de circo.

E sentiu-se mal, extremamente mal em ser tão ríspida.

Enquanto isso, Bia abriu o app do Facebook e tinha uma mensagem do menino.

Ele, ao mesmo tempo em que falava com educação, lhe atirava coisas na cara, cobrava atitudes que Bia não achava ser obrigada a ter. 

Ele disse:


- Precisamos conversar

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