segunda-feira, 4 de maio de 2015

Amores WI-FI - Temporada 5 Episódio 11: A Cafeteira





Temporada 5
Episódio 11 – A cafeteira




Marcela e Bia estavam na cozinha preparando o café da manhã. Como sempre, mas recordaram especialmente de um longínquo dia em que estavam bebendo café e Marcela lembrou de quando descobriu a traição de Romeu.

A cafeteira travava, pois a nova havia sido levada por Romeu na ~divisão de bens~.

Na época os fatos serviram para que ambas fizessem analogias com sua vida amorosa. De fato esse aspecto das duas amigas continuava como aquela cafeteira quebrada. De vez em quando funcionava, mas algumas vezes o café chegava na xícara com um amargor que só coisa podre justifica.

- Acho que minha cafeteira não tem mais jeito.

- Acho que você não sabe operá-la.

Marcela se sentiu ofendida, mas era verdade. Tanto não sabia usá-la que o café com mordedor passou a sair amargo. Sim, uma parte da culpa era sua.

“Meu Deus, tanto tempo de vida amorosa e ainda não sei operar minha própria máquina!”, pensou, enquanto pegava as torradinhas.

Nos últimos dias o mordedor mandou mensagem religiosamente nos mesmos horários. Geralmente triviais, dando bom dia, contando alguma coisa boba.

Marcela ficava irritada.

Nunca deixava de responder, mas não dava abertura para que ele avançasse.

Desconversava quando percebia que um convite para sair se aproximava. Mordedor devia entender, mas fingia que não. Pois nunca reclamava.

E era nesse ponto que se sentia uma idiota, uma imbecil sem coração. No lugar dele deveria ter uma cafeteira quebrada.

Enquanto isso Bia recebia mensagem do menino das trufinhas no chat do Facebook.

Ele disse: “oi, podemos conversar?”.


***



Tina estava passando café quando resolveu mandar uma mensagem de carinho para Thiago. No player tocava mais uma das músicas de Rafael. Mas não deu muita importância.

A cafeteira estava levemente falhando.

Não se sentia confortável para encaminhar mensagens a outro homem ainda. Sim, já haviam transado, já tinham uma certa intimidade, mas ela se sentia muito aberta demonstrando afeto. Emocionalmente.

E na falta do que dizer, abriu o whatsapp e mandou uma figurinha bonitinha, representando um abraço:

Tina: (>'-')>

E fechou a janela, não queria ficar monitorando mensagem visualizada.

Porém, uma hora depois a mensagem não havia sequer chegado no celular de Thiago.

“Será que...”, iniciou suas conclusões em pensamento, “será que ele está com alguém e fez o mesmo quando está comigo, aquele bandido? Thiago coloca o celular no modo avião sempre que está comigo, será que está fazendo o mesmo? Dou na cara”, falou para si mesma.

E no momento de raiva, resolveu descontar em um pedaço imenso de pão coberto com doce de leite uruguaio.

Enquanto isso a cafeteira avariada roncava na cozinha, sozinha e esquecida.


***



Bia foi para o quarto ler a mensagem do menino das trufinhas.

Era uma mensagem curta, mas iria perceber que bem escrita, contundente e triste.


Sentou na beirada da cama, em um daqueles momentos que tudo ao redor se apagava. Era como se um holofote cinematográfico iluminasse apenas o seu corpo. O resto era tudo escuro.

Abriu a mensagem, enfim:

Ele: Oi Bia, tudo bem?
Ele: Nossa última conversa não deu muito certo, queria pedir desculpas.  Reli tudo o que falamos e percebi que nós lidamos de forma diferente com relação a algumas coisas, que eu considero muito importantes.
Ele: Fico triste por não poder lidar de forma parecida com a sua nesse momento.
Ele: Te acho uma mulher muito legal, e desejo todo o sucesso para você.  
Ele: Sempre que precisar, estarei aqui. Mais uma vez, desculpa.

Bia sentiu vontade de chorar, mas não chorou, como se alguém pudesse vê-la. Respirou e começou a digitar:

Bia: Oi, eu estou bem, e você?
Bia: Estava mesmo pensando em te escrever.
Bia: Sim, a última conversa foi um pouco difícil para nós dois, acredito eu.
Bia: Realmente acho uma pena que a forma de vermos as coisa seja tão diferente, pois você é muito querido e sempre gostei muito de estar com você.
Bia: Talvez você precise ficar um pouco só antes de se envolver com alguém de novo. Talvez seja bom.
Bia: Mas enfim, gosto muito de você, e da mesma forma só desejo coisas boas.

Ele: Obrigado por se preocupar. A gente se fala.

E o ponto final daquela frase foi o ponto final mais difícil que Bia havia lido.

Muitas vezes os homens simplesmente sumiram, muitas vezes apenas diziam que não queriam mais. Mas nunca o fizeram com tanta sinceridade.

O menino realmente tinha uma forma diferente de desejar, de demonstrar, de se envolver, e o motivo por ela ter ficado mais triste foi em não poder corresponder.

Bia então chorou, não tanto por ter recebido um fora, mas por não ser capaz de fazer as cosas darem certo.

Como a cafeteira velha de Marcela.


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Relembre o episódio da cafeteira aqui: http://bit.ly/1F2WL21

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