quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

HONRA - Capítulo 2


Capítulo 2



A recepção, paga pelo pai gordo da noiva gorda, exibia um exagero no buffet que só pôde entender quando os parentes de Diva entraram na igreja. “Deus do céu, o que é isso?”, pensou, todo o tempo, quase fora de si, olhando tamanho apetite. E tratou de respirar uns ares que, ao menos, o fizesse ficar de pé durante a festa. Não precisava mais desmaiar, porque já havia assinado o livro. Com o calorão que fazia a maionese estragou. Soube mais tarde que alguém comeu, e quase morreu de cólicas e diarréia e vômito.

“Bem que podia ter sido a tia cantora”, imaginou ele.

E a tia cantora resolveu cantar na festa, como se todos quisessem apreciar o seu número. Cantou Volare, e quando aplaudiram-na, apenas para não magoá-la, cantou mais cinco canções. Quase fora o fim.

No meio da festa Diva arremessou o buquê, o qual não foi pego por nenhuma de suas primas solteironas. Jogou os cravos e margaridas com tanta força que o ramalhete fora direto para o teto, onde ficou preso para sempre nos suportes de lâmpadas. Então, foram para a noite de núpcias.

Era a noite de núpcias em todos os sentidos, pois nunca haviam transado. Diva era recatada, ou tinha vergonha de perder o noivo quando visse suas ancas desnudas. “Agora é tarde”, pensou ela, louca para dar. Rubilar, de fato, assustou-se um pouco, e engoliu um choro que julgou ser desnecessário naquele momento. E seguiu em frente, já que não havia outra maneira. Mas por cima.

Na semana seguinte estava trabalhando numa empresa de logística, por indicação do sogro. Não gostava do trabalho, mas não tinha escolha. Após algum tempo, e com muitas economias, Rubilar comprou um Uno Mille Fire, seu primeiro automóvel, e era obrigado a levar Diva todos os domingos na Usina do Gasômetro e no Brick da Redenção para passear.



Essa era a sua vida até então. O tempo passou, até o dia atual...

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