Elias era um menino de nove anos, e ele era
diferente de todas as pessoas da sua cidade. Na verdade, de todo o planeta. Ele
não suava. Elias tinha um problema glandular grave e raro que não lhe permitia
transpirar. Por isso, não podia correr, se exercitar, morrer de rir, brincar demais e,
muito menos, sair em dias de calor. Vivia sempre com um ventilador sobre sua
cabeça, caso o ar-condicionado falhasse, grudado em suas costas por um cabo de vassoura, apontado para baixo. Se
ele sentisse calor, a pressão interna de seu corpo não poderia ser controlada,
e Elias podia até explodir.
Por isso, quando as pilhas de seu ventiladorzinho
acabavam, sua mãe se desesperava e ficava a abaná-lo até trocar as pilhas.
Elias não ia para a escola e seus passeios, nunca vira o mar, não podia sair na
rua para comer sorvete. E nem podia beijar, pois o amor dá calor.
Um dia, da
janela de sua casa gelada, viu Isadora, sua vizinha, passando pela rua, e
amou-a na hora. Sua mãe, em um lampejo de clarividência, viu todo o futuro do
seu filho. Viu-o desmontando o seu ventilador, abrindo a porta daquele ambiente
resfriado, pegando o calor do verão e entregando seus lábios para Isadora, na
ânsia que estava de amar e tal, e de tanto calor de amor acabou explodindo nos braços
da menina, mas não explodiu sangue, e sim penas de pássaro, talvez o que ajudava a
sufocar seus poros. Em um ato desesperado, colocou o menino em uma caixa, pôs
comida para o seu menino e o despachou para a Antártida, onde estaria a salvo
para todo o sempre.
coitado, me lembrou o menino bolha.
ResponderExcluir