Lorena amava os homens. Não
apenas sexualmente, mas a partir de um leque muito mais amplo. Não, não era
submissa, mas os amava. E não os resistia.
Sorriso, barba, voz
modulada, voz de barítono. Voz de trovão...
Mas o que mais gostava era
do antebraço masculino.
Lorena costumava dizer:
“Do ombro até a mão são
caminhos carinhosos de amores perdidos, são ligamentos rompidos só da mente.
São articulados sentidos em uma desesperada vontade. O antebraço é o repouso do
sossego no inverno. Os dedos, indicadores de idade, de pedidos, de persuasão
positiva... O braço, membro pendurado para fora do corpo, quem sabe por
acidente, gesticula para o corpo oposto, analisa medidas, agarra sua presa no
coito sagrado que é o abraço...”.
Enquanto relembrava suas
teorias o namorado bebia uma xícara de café, e mal sabia ele que jamais, em
nenhuma ocasião, nada em si fora mais importante do que seus antebraços
tatuados.
E Lorena nem ao menos sabia
que o namorado não tinha os dentes siso e uma unha do pé esquerdo.
Pelo menos não são os dentes da frente. Hahahaha... e quem liga para unha quando se pode admirar um bom braço?
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