segunda-feira, 29 de abril de 2013

Par de Desejo

Lorena amava os homens. Não apenas sexualmente, mas a partir de um leque muito mais amplo. Não, não era submissa, mas os amava. E não os resistia.
Sorriso, barba, voz modulada, voz de barítono. Voz de trovão...
Mas o que mais gostava era do antebraço masculino.
Lorena costumava dizer:
“Do ombro até a mão são caminhos carinhosos de amores perdidos, são ligamentos rompidos só da mente. São articulados sentidos em uma desesperada vontade. O antebraço é o repouso do sossego no inverno. Os dedos, indicadores de idade, de pedidos, de persuasão positiva... O braço, membro pendurado para fora do corpo, quem sabe por acidente, gesticula para o corpo oposto, analisa medidas, agarra sua presa no coito sagrado que é o abraço...”.
Enquanto relembrava suas teorias o namorado bebia uma xícara de café, e mal sabia ele que jamais, em nenhuma ocasião, nada em si fora mais importante do que seus antebraços tatuados.
E Lorena nem ao menos sabia que o namorado não tinha os dentes siso e uma unha do pé esquerdo.

Um comentário:

  1. Pelo menos não são os dentes da frente. Hahahaha... e quem liga para unha quando se pode admirar um bom braço?

    ResponderExcluir