terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Amores WI-FI - Temporada 4 Episódio 7 - Paredes blindadas









Bia tinha uma proteção dura contra o afeto. E consequentemente contra o amor.  

Sempre foi um tanto endurecida, o que se intensificou após o episódio de Gabriel.

Ainda era cedo para pensar em qualquer coisa. Estava com o terceiro encontro marcado com aquele jovem rapaz, mas já pensava no que aquilo iria se transformar – e nas consequências que teria.

Tentava ser racional, afirmar para si mesma que precisava manter os pés no chão, mas por outro lado, que não faria mal nenhum abrir um pouco mais suas defesas. Por isso parou de pensar no que aquela sucessão de dates iria ocasionar. Apenas aproveitaria o que fosse.

Enquanto isso, Marcela vivia em um período de escassez. Depois do encontro relâmpago com o italiano, não fez contato com mais ninguém. Deixou o Tinder um pouco de lado.

Deixou a “caça” um pouco de lado.

Deixou.

Tinha épocas que Marcela precisava de um tempo para pensar em outras coisas: mas acabava sempre usando esse tempo para pensar nas razões divinas para sua vida afetiva ser tão devagar.

Bia e Marcela resolveram sair para almoçar naquele domingo.

As duas estavam alheias do mundo. Quase nem conversaram no caminho. Marcela porque não estava afim de rever seus falecidos. Bia porque estava com medo.

Entrou num flashback de filme.

Mas o filme era a sua vida sentimental.

Viu todos os seus erros e acertos. Mais erros do que acertos.

Viu que era, no fundo, algo diferente do que aparentava ser. Era só uma mulher comum que queria aprofundar seus relacionamentos. Era uma mulher que ainda não tinha aprendido a lidar com as diferenças, a ceder quando preciso. Mas por outro lado, era uma mulher que lidava bem com a solidão.

Enquanto caminhavam, passou por todos os clichês: casal de velhos namorando, jovens se conhecendo, famílias aparentemente felizes levando crianças e cachorros para passear.

Tudo como se fosse uma conspiração para desajustar suas linhas de pensamento.

Bia e Marcela se olharam, e concluíram que estavam famintas demais pra ficar pensando na vida.

“Porque, às vezes, uma boa refeição pode ajustar a cabeça na hora da dúvida”, dizia a avó de Marcela.

Bia não iria resolver seu problema comendo, mas ao menos o vazio do estômago seria suprido.

Queria mesmo era preencher o vazio do peito, às vezes. Mas se sentia um pouco ridícula pensando essas coisas, como se estivesse dentro de um romance feito para donas de casa insatisfeitas com suas rotinas.

Podia ver o livro de sua vida pendurado na banca.

“Coleção Sabrina – A dama do coração de ferro”.


Sim, havia ainda muitas paredes blindadas, mas estava decidida a encontrar uma forma de derrubá-las. 

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