segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Amores WI-FI - Temporada 4 Episódio 6: A síndrome dos três encontros






Tina estava tuitando coisas tristes naquele início de tarde. Bia ficou preocupada, nunca viu a amiga se lamentando em redes sociais.

@Tina o que foi?

@Bia nada Bia, quero dizer, depois te falo. Vamos almoçar?

@Tina vamos sim. Marquei com Marcela, mas vamos juntas.

@Bia certo!! :D

Tina estava com problemas em lidar com a indiferença de Rafael. Depois do alarme falso da gravidez Rafael criou uma barreira. Não a culpava, mas também não expressava o que sentia, e nem se preocupava em saber se precisava de apoio.

Enquanto isso, Bia recordava o segundo encontro que teve com o jovenzinho.

Marcaram de se ver no mesmo café. Ele pediu chocolate quente e ela pediu um expresso duplo.

E falaram sobre filmes que Bia nunca tinha assistido.

Sentiu-se um pouco envergonhada, talvez até um tanto ignorante, afinal, ele citava filmes que pareciam pertencer a um círculo muito restrito. Foi então que entre goles de café e chocolate quente ele disse:

- Quer ir ver um filme lá em casa? Dá tempo de assistir e você pegar o metrô depois.

Bia relutou uns instantes, mas acabou aceitando. Não estava pensando em transar naquela noite, mas o convite foi tão carinhoso que aceitou.

Foram caminhando até a casa do rapaz. Havia chovido, e caminhava desviando das poças, num zigue-zague que parecia aquelas brincadeiras de gincanas escolares, pulando pelos pneus.

Foram conversando mais pelo caminho, sobre filmes novamente e sobre assuntos aleatórios.

No caminho ele disse que dividia apartamento com um rapaz que a conhecia. Bia congelou por dentro, como se estivesse no filme Frozen. Não que tivesse feito coisas erradas na vida. Na verdade até tinha feito, mas nada que lembrasse agora. Bom, o fato é que ele falou o nome e não se lembrou.

Só recordou quando entrou em casa e o tal homem veio lhe cumprimentar. “Sim, eu me recordo”, pensou. Haviam saído juntos há alguns meses, mas nunca aconteceu nada. Nem conversaram depois disso. Mesmo assim, sentiu-se estranha, constrangida.

Ele saiu e foram para a sala ver o filme. Era um filme meio surreal, mas Bia não importou-se, porque serviu apenas para se aproximarem e trocarem o primeiro beijo. E não teve sexo.

Bia pegou o último metrô, e um tanto encantada com o gesto que o rapazinho teve. Antes de sair lhe entregou uma trufinha de cereja. Nunca havia ganhado chocolate de alguém que não fosse familiar ou amigo oculto. Riu de cantinho de boca, enquanto mordia o chocolate.


***


Tina chegou atrasada no almoço. Sempre euforia, mas naqueles dias menos. Era como se a sua bateria estivesse em 5% e quisesse poupar utilizando poucos recursos.

Tina estava impaciente, ansiosa, chateada.

Contou melhor para as amigas o desdobramento de quando soube que não estava grávida. O dia em que sua menstruação chegou. Não imaginou que aquilo resultaria em uma relação balançada.

- Porque é assim que ela está meninas, balançada. Sinto Rafael distante. Não por minha causa, mas ele não está sabendo lidar com as coisas.

Enquanto Tina desabafava, Bia só conseguia pensar em uma coisa. Tinha mais um encontro marcado com o rapaz, e se tivesse sorte, com mais um, iria romper o seu pior karma: a síndrome dos três encontros.

Fazia muito tempo que não tinha mais de três encontros com algum homem. Um dia, pensou enquanto cortava o bife, a ciência vai estudar o meu caso. Mas a verdade era que apenas aqueles dois encontros já haviam sido o suficiente para se sentir uma adolescente de novo.


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