Trilha inicial: https://www.youtube.com/watch?v=4amr0VLQMFA
Tina estava tuitando coisas
tristes naquele início de tarde. Bia ficou preocupada, nunca viu a amiga se
lamentando em redes sociais.
@Tina o que foi?
@Bia nada Bia, quero dizer,
depois te falo. Vamos almoçar?
@Tina vamos sim. Marquei com
Marcela, mas vamos juntas.
@Bia certo!! :D
Tina estava com problemas em
lidar com a indiferença de Rafael. Depois do alarme falso da gravidez Rafael
criou uma barreira. Não a culpava, mas também não expressava o que sentia, e
nem se preocupava em saber se precisava de apoio.
Enquanto isso, Bia recordava
o segundo encontro que teve com o jovenzinho.
Marcaram de se ver no mesmo
café. Ele pediu chocolate quente e ela pediu um expresso duplo.
E falaram sobre filmes que
Bia nunca tinha assistido.
Sentiu-se um pouco
envergonhada, talvez até um tanto ignorante, afinal, ele citava filmes que
pareciam pertencer a um círculo muito restrito. Foi então que entre goles de
café e chocolate quente ele disse:
- Quer ir ver um filme lá em
casa? Dá tempo de assistir e você pegar o metrô depois.
Bia relutou uns instantes,
mas acabou aceitando. Não estava pensando em transar naquela noite, mas o
convite foi tão carinhoso que aceitou.
Foram caminhando até a casa
do rapaz. Havia chovido, e caminhava desviando das poças, num zigue-zague que
parecia aquelas brincadeiras de gincanas escolares, pulando pelos pneus.
Foram conversando mais pelo
caminho, sobre filmes novamente e sobre assuntos aleatórios.
No caminho ele disse que
dividia apartamento com um rapaz que a conhecia. Bia congelou por dentro, como
se estivesse no filme Frozen. Não que tivesse feito coisas erradas na vida. Na
verdade até tinha feito, mas nada que lembrasse agora. Bom, o fato é que ele
falou o nome e não se lembrou.
Só recordou quando entrou em
casa e o tal homem veio lhe cumprimentar. “Sim, eu me recordo”, pensou. Haviam
saído juntos há alguns meses, mas nunca aconteceu nada. Nem conversaram depois
disso. Mesmo assim, sentiu-se estranha, constrangida.
Ele saiu e foram para a sala
ver o filme. Era um filme meio surreal, mas Bia não importou-se, porque serviu
apenas para se aproximarem e trocarem o primeiro beijo. E não teve sexo.
Bia pegou o último metrô, e
um tanto encantada com o gesto que o rapazinho teve. Antes de sair lhe entregou
uma trufinha de cereja. Nunca havia ganhado chocolate de alguém que não fosse
familiar ou amigo oculto. Riu de cantinho de boca, enquanto mordia o chocolate.
***
Trilha final: https://www.youtube.com/watch?v=jdXXaR_7DmU
Tina chegou atrasada no
almoço. Sempre euforia, mas naqueles dias menos. Era como se a sua bateria
estivesse em 5% e quisesse poupar utilizando poucos recursos.
Tina estava impaciente,
ansiosa, chateada.
Contou melhor para as amigas
o desdobramento de quando soube que não estava grávida. O dia em que sua
menstruação chegou. Não imaginou que aquilo resultaria em uma relação
balançada.
- Porque é assim que ela está
meninas, balançada. Sinto Rafael distante. Não por minha causa, mas ele não
está sabendo lidar com as coisas.
Enquanto Tina desabafava, Bia
só conseguia pensar em uma coisa. Tinha mais um encontro marcado com o rapaz, e
se tivesse sorte, com mais um, iria romper o seu pior karma: a síndrome dos
três encontros.
Fazia muito tempo que não
tinha mais de três encontros com algum homem. Um dia, pensou enquanto cortava o
bife, a ciência vai estudar o meu caso. Mas a verdade era que apenas aqueles dois
encontros já haviam sido o suficiente para se sentir uma adolescente de novo.
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