segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O Médico e a Mulher Infeliz: Capítulo 11




No capítulo anterior:
Rosaura passou a ser assediada pela imprensa do Rio de Janeiro. O caso estava ganhando grandes proporções, e a entrevista que concedera ao jornalista iria criar uma forte opinião favorável por parte da sociedade.


Capítulo 11
Quando amanheceu, o único jornal que estampara a morte misteriosa do marido, na primeira página, sobre uma estrondosa e garrafal manchete em letras maiúsculas, não foi nenhum jornal gaúcho, mas um carioca. O caso já havia repercutindo em todo o Sul, agora, era uma caso que rompia as fronteiras. Durante dias o tal jornal publicou artigos sobre o caso, exaltando a calamidade que ficara a vida da viúva. Esses artigos, posteriores ao primeiro, não eram, em sua maioria, de autoria do repórter que a entrevistou. Esse desconfiava da inocência da esposa, pois era de sua natureza desconfiar de tudo. Após a publicação do primeiro artigo, o editor, que era seu próprio pai, o chamou no gabinete.
- E então, o que você acha desse caso, Edson? – perguntava o editor.
- Olha, eu desconfio muito dessa mulher. Bonita demais. O fato é que aí tem coisa. Não devia tê-la quase reverenciado como fiz.
- Eu sei, eu sei... Mas tenha cautela, pois injúrias podem causar uma tragédia. Deixe que os outros jornalistas escrevam os próximos artigos.
- Está bem... mas a verdade vai aparecer, ou não me chamo Edson Rodrigues.
Em Porto Alegre, a repercussão foi grande. Toda vez que Rosaura saía na rua era cumprimentada, recebia votos de felicidade, palavras de apoio. Ganhara a opinião pública, graças ao equívoco inicial de Rodrigues, o qual não iria deixar barato. Estava felicíssima, só não mais porque, desde o acontecido, há quase um mês, que não via Leandro. Então, nessa tarde, lendo as notícias sobre o caso no jornal carioca, a campainha soou. A criadinha veio lhe avisar, para seu espanto total:
- D. Rosaura, um moço de nome Leandro quer falar com a senhora.
- Qu... quê?
Mas não tivera tempo de recusar a entrada do moço, pois ele já entrava pela sala.
- Que é isso? – exclamou a criadinha, estupefata com a ousadia do rapaz, porém, sem deixar de notar o quanto era bonito.
- Deixe, deixe, eu o atendo, pode nos deixar a sós.
Assim que a moça saiu, Leandro agarrou Rosaura pelos braços, quase brutal, aproximando seus lábios dos dela, sedento que estava por um beijo bem demorado. Leandro não podia ser classificado exatamente como algum tipo de maluco, era jovem, e essas impaciências e rompantes eram típicos da idade.
- Que é isso? Que é isso? – falou ela, aturdida de pavor e desejo.
Ele respondeu:
- Não agüentava mais de saudades... Eu ligava, você nunca estava...
Rosaura, realmente, sabia das ligações, mas deixara ordens expressas para dizerem que não estava. E assim os dias se passaram, tentando fugir de Leandro com seu amor incondicional, mas sabia que um encontro seria inevitável. E agora estava ele ali, lindo, diante dela, com seus olhos tentadores e os braços que, no dia da morte do marido, a renderam na cama e a laçaram feito duas cobras amazônicas.
- Por favor, Leandro, por favor!
Disse ela, chorando, numa última e inútil tentativa de resistir. Então, antes que alguém pudesse ver, correu com Leandro para o seu quarto. Antes de entrarem já estava nua, foi se despindo feito uma meretriz pelos degraus da escada, pelos corredores. Estava com o vestido rasgado, numa violência que, ao mesmo tempo que lhe aterrorizava, lhe fascinava. Leandro arremessou Rosaura na cama e a penetrou por trás. Ela quis gritar, mas lembrou-se que todos os empregados estavam na cozinha, inclusive João que, nos últimos dias, passou a lhe tratar com certa grosseria. De qualquer forma, acabou se entregado ao momento, e deixou-se amar por Leandro, mais uma vez, como uma fêmea deveria ser amada, e fazia amor como uma loba. E o pior: na cama do marido morto.

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