No capítulo
anterior:
Rosaura passou a ser assediada pela imprensa do Rio
de Janeiro. O caso estava ganhando grandes proporções, e a entrevista que
concedera ao jornalista iria criar uma forte opinião favorável por parte da
sociedade.
Quando amanheceu, o único jornal que estampara a
morte misteriosa do marido, na primeira página, sobre uma estrondosa e garrafal
manchete em letras maiúsculas, não foi nenhum jornal gaúcho, mas um carioca. O
caso já havia repercutindo em todo o Sul, agora, era uma caso que rompia as
fronteiras. Durante dias o tal jornal publicou artigos sobre o caso, exaltando
a calamidade que ficara a vida da viúva. Esses artigos, posteriores ao
primeiro, não eram, em sua maioria, de autoria do repórter que a entrevistou.
Esse desconfiava da inocência da esposa, pois era de sua natureza desconfiar de
tudo. Após a publicação do primeiro artigo, o editor, que era seu próprio pai,
o chamou no gabinete.
- E então, o que você acha desse caso, Edson? –
perguntava o editor.
- Olha, eu desconfio muito dessa mulher. Bonita
demais. O fato é que aí tem coisa. Não devia tê-la quase reverenciado como fiz.
- Eu sei, eu sei... Mas tenha cautela, pois
injúrias podem causar uma tragédia. Deixe que os outros jornalistas escrevam os
próximos artigos.
- Está bem... mas a verdade vai aparecer, ou não me
chamo Edson Rodrigues.
- D. Rosaura, um moço de nome Leandro quer falar com
a senhora.
- Qu... quê?
Mas não tivera tempo de recusar a entrada do moço,
pois ele já entrava pela sala.
- Que é isso? – exclamou a criadinha, estupefata
com a ousadia do rapaz, porém, sem deixar de notar o quanto era bonito.
- Deixe, deixe, eu o atendo, pode nos deixar a sós.
Assim que a moça saiu, Leandro agarrou Rosaura
pelos braços, quase brutal, aproximando seus lábios dos dela, sedento que
estava por um beijo bem demorado. Leandro não podia ser classificado exatamente
como algum tipo de maluco, era jovem, e essas impaciências e rompantes eram
típicos da idade.
- Que é isso? Que é isso? – falou ela, aturdida de
pavor e desejo.
Ele respondeu:
- Não agüentava mais de saudades... Eu ligava, você
nunca estava...
Rosaura, realmente, sabia das ligações, mas deixara
ordens expressas para dizerem que não estava. E assim os dias se passaram,
tentando fugir de Leandro com seu amor incondicional, mas sabia que um encontro
seria inevitável. E agora estava ele ali, lindo, diante dela, com seus olhos
tentadores e os braços que, no dia da morte do marido, a renderam na cama e a
laçaram feito duas cobras amazônicas.
- Por favor, Leandro, por favor!
Disse ela, chorando, numa última e inútil tentativa
de resistir. Então, antes que alguém pudesse ver, correu com Leandro para o seu
quarto. Antes de entrarem já estava nua, foi se despindo feito uma meretriz
pelos degraus da escada, pelos corredores. Estava com o vestido rasgado, numa
violência que, ao mesmo tempo que lhe aterrorizava, lhe fascinava. Leandro
arremessou Rosaura na cama e a penetrou por trás. Ela quis gritar, mas
lembrou-se que todos os empregados estavam na cozinha, inclusive João que, nos
últimos dias, passou a lhe tratar com certa grosseria. De qualquer forma,
acabou se entregado ao momento, e deixou-se amar por Leandro, mais uma vez,
como uma fêmea deveria ser amada, e fazia amor como uma loba. E o pior: na cama
do marido morto.
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