terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O Médico e a Mulher Infeliz: Capítulo 12




No capítulo anterior:

Antes que alguém pudesse ver, correu com Leandro para o seu quarto. Antes de entrarem já estava nua, foi se despindo feito uma meretriz pelos degraus da escada, pelos corredores. Estava com o vestido rasgado, numa violência que, ao mesmo tempo que lhe aterrorizava, lhe fascinava.

Capítulo 12

No andar debaixo, João, que não desconfiava de nada, estava sentado na mesa da cozinha descascando uma laranja, alheio, nem no crime pensava. Seus pensamentos estavam em branco. De repente, entra a criadinha na cozinha, cantarolando, desavisada de qualquer coisa. Quando viu o homem soltou um grito de medo, pois lembrou-se do episódio do velório, quando viu João saciando-se no meio da multidão, dos círios e das coroas de flores. João resolveu brincar com a menina, provocando-a, querendo vê-la irritada:
- Ainda lembra-se do velório? Lembra? Você me viu, não me viu? E gostou?
Ela disse, aterrorizada:
- Seu... seu... seu monstro!
- Ora menina – falou ele, com um sorriso sardônico que mostrava um pouco de seus dentes muito brancos, contrastando com sua pele negra – Vai dizer que não gostou do que viu?
- Pare com isso, João, eu jamais lhe dei e jamais lhe darei essas intimidades!!
Ele foi mais longe:
- Eu aposto e ganho. Repito: eu aposto e ganho que você adoraria pegar... Quer pegar?
- Ahh... – falou ela, tão estupefata que não soube o que dizer.
João, já satisfeito com a brincadeira ria muito, seus ombros se arqueavam com as gargalhadas. A menina ficou olhando para o homem, enquanto ele ria de seus pudores, de sua ingenuidade, e sentiu-se ridícula. A raiva que sentia por ele, desde o episódio do velório, ainda estava em sua alma, porém, com uma certa rapidez, foi se dissipando e – para sua surpresa – transformou-se numa curiosidade para, então, mutar para um estranho desejo. “Eu não sou uma sirigaita, vagabunda, não sou, não sou!! Me perdoa, meu Deus!”, repetia ela, vendo-o rir com seus dentões a mastigar os pedações da laranja, com sua fúria que nem parecia ser de um velho. Foi então que, para surpresa da menina, ela jamais achou que fosse dizer aquilo, gritou:
- QUEROOOOO!!!
João quase se engasgou com a laranja que comia. Por aquela ele não esperava. A menina que vira nascer, crescer, passar de menina para moça, agora assumia ares de mulher. Sua boca entreaberta era digna de quem pede um beijo desesperadamente, e do seu corpo todo exalava um perfume típico, perfume de cio. João sentiu um tesão louco pela moça, e não hesitou em pegá-la pelos antebraços, a ponto de deixar seus dedos marcados na pele da moça feito carimbo. Ele colou seus lábios nos dela, e percebeu, nitidamente, que aquele era o seu primeiro beijo.
- Menina, você não sabe o que fazer com essa língua!!
Então, como se estivesse ofendida com a observação, ela segurou João pela nuca e o beijou como uma vagabunda. O homem ficou sem ar. Alucinado, ele a levou ao quartinho e jogou-a na cama, arredou a combinação da criadinha para a lateral e, sem tirá-la, deflorou-a sem piedade alguma. Ela conteve um grito de dor, e achou que fosse desmaiar. Aquele era o quartinho da menina, com seus ursinhos inocentes e almofadas baratas, e arrombando a pureza da criadinha, deleitando-se com sua pele nova, de repente não era ela quem estava ali, mas Rosaura, Rosaura, sim, Rosaura, linda e tentadora feito uma felina, provocando-o. João enlouqueceu, e começou a estocar a menina mais fundo. E gritava:
- Vagabunda, vagabunda!!!
Excitadíssimo e exausto, João satisfez-se em pouco tempo. Deixou a menina toda estrupiada, lanhada, com o corpo melado, e por pouco não destruiu as expectativas de futuros romances que ela pudesse ter. Enquanto o homem vestia-se, ela tratou de arrumar os farrapos que viraram suas roupas, e com um dos ombros ainda de fora, falou, chorosa, sentada na cama, enxugando as lágrimas com o dorso da mão:
- Eu não sou vagabunda, não sou...

Nenhum comentário:

Postar um comentário