No capítulo
anterior:
Antes que alguém pudesse ver, correu com Leandro
para o seu quarto. Antes de entrarem já estava nua, foi se despindo feito uma
meretriz pelos degraus da escada, pelos corredores. Estava com o vestido
rasgado, numa violência que, ao mesmo tempo que lhe aterrorizava, lhe fascinava.
Capítulo 12
No andar debaixo, João, que não desconfiava de
nada, estava sentado na mesa da cozinha descascando uma laranja, alheio, nem no
crime pensava. Seus pensamentos estavam em branco. De repente,
entra a criadinha na cozinha, cantarolando, desavisada de qualquer coisa.
Quando viu o homem soltou um grito de medo, pois lembrou-se do episódio do
velório, quando viu João saciando-se no meio da multidão, dos círios e das
coroas de flores. João resolveu brincar com a menina, provocando-a, querendo
vê-la irritada:
- Ainda lembra-se do velório? Lembra? Você me viu,
não me viu? E gostou?
Ela disse, aterrorizada:
- Seu... seu... seu monstro!
- Ora menina – falou ele, com um sorriso sardônico
que mostrava um pouco de seus dentes muito brancos, contrastando com sua pele
negra – Vai dizer que não gostou do que viu?
- Pare com isso, João, eu jamais lhe dei e jamais
lhe darei essas intimidades!!
Ele foi mais longe:
- Eu aposto e ganho. Repito: eu aposto e ganho que
você adoraria pegar... Quer pegar?
- Ahh... – falou ela, tão estupefata que não soube
o que dizer.
João, já satisfeito com a brincadeira ria muito,
seus ombros se arqueavam com as gargalhadas. A menina ficou olhando para o
homem, enquanto ele ria de seus pudores, de sua ingenuidade, e sentiu-se
ridícula. A raiva que sentia por ele, desde o episódio do velório, ainda estava
em sua alma, porém, com uma certa rapidez, foi se dissipando e – para sua
surpresa – transformou-se numa curiosidade para, então, mutar para um estranho
desejo. “Eu não sou uma sirigaita, vagabunda, não sou, não sou!! Me perdoa, meu
Deus!”, repetia ela, vendo-o rir com seus dentões a mastigar os pedações da
laranja, com sua fúria que nem parecia ser de um velho. Foi então que, para
surpresa da menina, ela jamais achou que fosse dizer aquilo, gritou:
- QUEROOOOO!!!
João quase se engasgou com a laranja que comia. Por
aquela ele não esperava. A menina que vira nascer, crescer, passar de menina
para moça, agora assumia ares de mulher. Sua boca entreaberta era digna de quem
pede um beijo desesperadamente, e do seu corpo todo exalava um perfume típico, perfume
de cio. João sentiu um tesão louco pela moça, e não hesitou em pegá-la pelos
antebraços, a ponto de deixar seus dedos marcados na pele da moça feito
carimbo. Ele colou seus lábios nos dela, e percebeu, nitidamente, que aquele
era o seu primeiro beijo.
- Menina, você não sabe o que fazer com essa
língua!!
Então, como se estivesse ofendida com a observação,
ela segurou João pela nuca e o beijou como uma vagabunda. O homem ficou sem ar.
Alucinado, ele a levou ao quartinho e jogou-a na cama, arredou a combinação da
criadinha para a lateral e, sem tirá-la, deflorou-a sem piedade alguma. Ela
conteve um grito de dor, e achou que fosse desmaiar. Aquele era o quartinho da
menina, com seus ursinhos inocentes e almofadas baratas, e arrombando a pureza
da criadinha, deleitando-se com sua pele nova, de repente não era ela quem
estava ali, mas Rosaura, Rosaura, sim, Rosaura, linda e tentadora feito uma
felina, provocando-o. João enlouqueceu, e começou a estocar a menina mais
fundo. E gritava:
- Vagabunda, vagabunda!!!
Excitadíssimo e exausto, João satisfez-se em pouco
tempo. Deixou a menina toda estrupiada, lanhada, com o corpo melado, e por
pouco não destruiu as expectativas de futuros romances que ela pudesse ter.
Enquanto o homem vestia-se, ela tratou de arrumar os farrapos que viraram suas
roupas, e com um dos ombros ainda de fora, falou, chorosa, sentada na cama,
enxugando as lágrimas com o dorso da mão:
- Eu não sou vagabunda, não sou...
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