quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O Médico e a Mulher Infeliz: Capítulo 13




No capítulo anterior...
Ofendida com a observação, a criadinha segurou João pela nuca e o beijou como uma vagabunda. O homem ficou sem ar. Alucinado, ele a levou ao quartinho e jogou-a na cama, arredou a combinação da criadinha para a lateral e, sem tirá-la, deflorou-a sem piedade alguma.

Capitulo 13

João saía do quarto da menina quando ouviu um barulho vindo da sala de visitas. Devagar aproximou-se, colado à parede, em busca do ruído estranho. Foi então que viu, descendo as escadas, Leandro, o jovem médico. Rosaura vinha logo atrás, nervosa, na certa com medo de ser descoberta. Levou o rapaz até a porta, olhou para os lados e deu-lhe um beijo na boca, na boca, na boca! Um beijo de amantes, de prostituta, de mulher que não presta. “Eu sabia, sabia!”, pensou João, hirto de ódio, babando com o fato de não ser ele o homem que Rosaura levava até a porta, às escondidas.
Mesmo tendo sido tão fiel ao patrão, de guardar enorme estima por Dr. Abílio, o fato era que João sempre, sempre fora completamente louco por Rosaura. Desde que ele a vira pela primeira vez, ainda uma moça, no começo do namoro com Dr. Abílio. Muitas horas de sua vida gastou saciando-se sozinho em seu quartinho, imaginando estar com Rosaura, tocando suas pernas, beijando sua boca e lambendo o seu sexo. Imaginava a cena em cada detalhe: seu corpo sendo jogado na parede, depois na cama, onde bebia o seu suco da luxúria. Rosaura iria gritar “Me come, desgraçado, me come!”. Às vezes, tinha fantasias onde pegava a patroa à força, e lhe arrebentava contra a sua vontade. “É o que eu vou fazer, ah se vou, vou mesmo!”, pensou ele, enquanto a mulher fechava a porta. Então, como se nada tivesse acontecido, Rosaura sentou-se no sofá, pegou a revista O Cruzeiro e permaneceu ali por toda a tarde, inocente como ele sabia que não era, bancando uma frívola e fútil dama da sociedade, ela, uma desgraçada, a mulher que tirou a vida do marido, agora João tinha certeza. Diante do sangue frio da mulher, só uma coisa pôde lhe correr a mente:
- Vagabunda...
Voltou para a cozinha transtornado. Valdeli, a cozinheira, que voltava da horta, arregalou seus olhos, assustadíssima, nunca o vira com aquela expressão que precede a desgraça estampada nos olhos.
Ela perguntou:
- Misericórdia, o que te aconteceu, homem?
E ele, babando, como um bicho raivoso:
- Me deixa mulher, me deixa! – disse, retirando-se.
Nisso, a criadinha saía do quarto, já recomposta, com uma expressão totalmente diferente em seus olhos e corpo, o que fez Valdeli perceber na hora que ela já era uma mulher.
- Mas o que tu foi fazer, menina? Não sabe que perdeu o seu bem mais precioso? Com quem trepou? Que homem há de se casar contigo agora?
Com o rosto lívido pela felicidade, respondeu:
- O mesmo homem que me fez mulher, ora essa! Quem mais poderia ser, heim Val? Que tipo de mulher acha que eu sou?
E saiu, cantarolando e rebolando o quadril, dona de si. Então, um vento correu os pensamentos de Valdeli, e só um homem lhe pareceu capaz de deflorar a menina:
- João...
Seus pensamentos foram interrompidos quando a campainha tocou. Como a deflorada estava na rua, Valdeli largou o avental e foi atender a porta. Era o delgado Miranda. Até mesmo Valdeli sempre achara aquele homem um incapaz, um atrapalhado, afinal, não conseguira um mínimo indício que pudesse levar ao culpado.
Ele disse, com um eterno e abobalhado ar de tristeza:
- D. Rosaura Albuquerque se encontra?
- Sim senhor, mas espere aqui no hall que vou ver se ela pode atender.
Rosaura ainda estava sentada no sofá, com a revista O Cruzeiro, mas seu pensamento estava em Leandro. Sentia uma felicidade excessiva e, de vez em quando, culpava-se por tamanha felicidade, mas principalmente, por trair a memória do marido, o qual nem esfriara direito em sua sepultura. Foi interrompida por uma voz longínqua, que se fazia mais forte:
- D. Rosaura... D. Rosaura... D. Rosaura!
- Quê?
- Estava chamando a senhora há horas... É que o delegado está aí, e quer falar com a senhora.
Pensou um pouco, largou a revista, ajeitou-s no sofá e disse:
- Está bem, mande-o entrar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário