quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Amores WI-FI - Temporada 4 Episódio 3: Você errou, volte ao início do jogo






Tina estava em casa. Parada na frente do espelho virava-se de lado, como se sua barriga tivesse crescido. Quando soube do resultado do exame de farmácia ficou apavorada, mas depois, até um pouco feliz. Rafael também.

Só que o resultado estava errado.

Sentiu-se aliviada, pois ainda era maluca demais para ter uma criança. “O que eu ia ensinar para esse bebê? A dançar pelado enquanto pensa nos problemas da vida?”

Porém, no fundo, a ideia não lhe soava tão má. Mas bola pra frente.

Rafael, no entanto, andava esquisito. Tina percebeu que ele havia curtido a ideia de ser pai muito mais do que ela de ser mãe. O clima ruim havia afetado até sua vida sexual, desde que contou para ele.

“Estou louca com isso!”, lamentava para si mesma, todos os dias.

*Notificação do whatsapp*

Era uma mensagem de Bia no grupinho.

Bia: Oi Tina! Marcela me contou sobre o exame.
Bia: Sinto muito :(
Tina: Obrigado querida! Mas tudo bem.
Tina: No fundo foi melhor ter sido engano, eu acho.
Tina: Não sei se a hora seria a melhor.
Tina: Porém Rafael está abalado, não sei o que faço, nem transar ele tem demonstrado vontade.
Marcela: Eita! Dá um tempo pra ele, vai passar.
Tina: Assim espero. Bom gente, vou fazer umas coisas, porque marquei de almoçar com ele mais tarde.
Bia: Bjos, se cuide!
Marcela: =*

Bia imaginou Tina sendo mãe. Certamente faria um álbum de fotos constrangedoras no primeiro aninho e marcaria todas as amigas, como fazia nas festas.

Mas mesmo louca, achava que Tina seria uma mãe das boas. Só não sabia explicar como. Enquanto isso, olhou novamente a mensagem do menino no Tinder.

“Meu deus, mas é tão jovem”, falou pra si mesma, olhando aquela foto no perfil.

Mas foda-se.

E enquanto o ônibus não avançava naquela avenida congestionada, Bia escreveu:

“Olá, tudo bem, e com você? Obrigado pelo elogio.”

*Enviar*

Pronto.

Sentiu-se errando o jogo e tendo que voltar diversas casas no tabuleiro, mas tudo bem, melhor assim. Uma hora qualquer iria avançar algumas casas.


***
                         

Marcela também andava votando algumas casas no seu jogo de tabuleiro.

Marcela também voltou a usar o Tinder.

Se achava um pouco ridícula às vezes, talvez um pouco velha demais para essas coisas. Na verdade, vinha pensando muito sobre envelhecer. Marcela não estava em crise de idade, mas repensando as coisas que tinha feito e o que ainda queria fazer.

Tinha sim um pouco de medo dos impactos na sua pele, no seu organismo. De não poder dançar como gostava ou de correr pra fugir de algum assalto. Queria mesmo é envelhecer tendo a inteligência e sabedoria adquirida com os anos, mas com a mesma disposição de quando era jovem. Só que não era possível. Mas tinha mais medo de não conseguir fazer ao menos 50% do que tinha vontade.  

“E não fiz muita coisa ainda”, pensou.

Por isso, despiu-se de seus conceitos e abriu o Tinder.

E entre tantos corações não correspondidos e alguns X, veio um match. E ao que tudo indicava, um turista estrangeiro.


***



Naquele dia, Bia e Marcela jogaram os dados que tinham. O erro poderia ser certo, mas no fundo, elas também contavam com um pouco de sorte. 

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