Não demorou muito e o tal
moço, o provável turista estrangeiro, puxou assunto com Marcela. Ele falava um
português meio enrolado, e misturava algumas expressões em espanhol e inglês.
Então ele explicou que era
italiano, e que estava viajando pela América do Sul. Marcela sentiu-se boba ao
constatar que estava empolgada pelo fato dele ser estrangeiro. Já que na Copa
não conheceu nenhum.
Mas acima disso tudo, ele era
lindo. Tinha um olhar doce, simpático.
Ele contou que estava
hospedado em um hotel novo na cidade. Marcela gelou, era na rua de trás de onde
trabalhava.
A comunicação estava
demorada, afinal, turista passa o dia na rua e certamente tem dificuldades de
conexão. Mas, entre uma mistura de idiomas, Marcela entendeu quando o moço a
convidou para sair.
Marcela disse que sim, mas
diante das dificuldades já citadas, ele não mais respondeu.
***
Enquanto isso, Bia conversava
com o menino novo.
Ele se chamava Bruno,
estudava design e tinha um visual meio alternativo. Gostou mesmo numa primeira
olhada. Ele contou que não era da cidade, que havia se mudado para estudar.
Era aquele estágio inicial de
qualquer conversa virtual.
Não demorou muito estavam
falando sobre tomar um café juntos. Bia achou engraçado o fato de existir um
padrão metodológico para os primeiros encontros. Tirando os casos em que as
pessoas logo marcavam de fazer sexo casual, tudo girava em torno de um café.
Parece que café era o elixir
do amor. “Será que ele tem algum efeito na atração?”, pensou. Iria tomar um
expresso duplo para garantir.
Era uma fórmula certeira:
algumas horas ou quem sabe dias papeando, convite para um café, troca de
olhares (análise mútua), em alguns casos beijo na boca e/ou sexo ou convite
para um segundo date.
Era um roteiro que Bia muito
havia seguido. Nem sempre com sexo. Nem sempre com segundo encontro. Nem sempre
um “oi tudo bem” nos dias seguintes. Mas não usou essa
recordação como empecilho.
- Sim, vamos tomar um café no
final de semana.
Disse ela, respondendo para
Bruno.
***
Trilha final: https://www.youtube.com/watch?v=HN39CQW3Tqw
Quando chegou em casa, após o
trabalho, Marcela foi conferir suas mensagens no Tinder e havia um novo recado
do estrangeiro. Ele havia entendido que sairiam juntos naquela mesma noite, mas
Marcela já estava longe.
Então sugeriu um café depois
do almoço.
Ele aceitou, prontamente.
Havia algo nele que a deixava
um tanto fascinada. Não foi como o encantamento por Ícaro, mas algo semelhante.
Talvez porque ele fosse de outro país, com uma cultura diferente, viajado, e
que a veria com outros olhos.
Era um príncipe relâmpago.
Mas relâmpago mesmo, porque, no mesmo dia em que marcaram um café, ele viajaria
para outra cidade, para continuar suas experiências em terras tupiniquins.
Naquela noite Marcela não
dormiu.
Só conseguia pensar no
encontro diferente que poderia ter no dia seguinte. Talvez fosse um dia de
sorte.
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