segunda-feira, 27 de abril de 2015

Amores WI-FI - Temporada 5 Episódio 6: Eu Poderia Beber uma Caixa de Você



Na semana anterior:

Marcela não havia desistido da vida de encontros por meios online, mas por incrível que pareça havia conhecido um homem em uma festa.

As três foram se embrenhando na multidão, e em apenas meia volta, Marcela encontrou ex-affair, ex-peguete, pretendente... sentiu-se quenga. “Foda-se”, pensou. Parecia que todo o seu Tinder estava ali.

Mas a verdade é que por dentro de Tina havia um hematoma. Semelhante ao de Marcela, porém esse não seria fácil de camuflar com o truque da escova de dentes, por exemplo. Era um hematoma sem prazo para desaparecer.

Bia estava em casa, de folga do trabalho. Iria faxinar a casa, era o seu dia de tarefas. Devia fazer uma faxina interior também. “Quem faz faxina sempre espera visita”, pensou, sobre sua vida afetiva.


Temporada 5
Episódio 6 – Eu poderia beber uma caixa de você




Tina ficou alguns momentos olhando aquela notificação. De tão nervosa começou a rir alto, diante do espelho, assustando uma senhora que saía do reservado.

Ainda teve tempo de observar que ela nem lavou as mãos. “PORCA!”.

Mas no que estava pensando? Na verdade, Tina apenas disfarçava o seu susto. Sempre foi do tipo que reage de formas inesperadas diante de situações problemáticas.

“Será que ele clicou sem querer, ou está tirando onda com a minha cara?”, tentava em vão concluir aquela combinação nova no Tinder.

Caso a segunda opção fosse a correta, realmente Tina não conhecia Rafael como imaginava, e certamente ele era igual àquelas meninas populares e cruéis da sua época de escola. Tina quase entrou num daqueles flashbacks, mas se controlou e fez o que tinha que fazer. Retocou o batom e voltou para o seu date.

Ainda desnorteada Tina sentiu vontade de ir para casa. Queria se sentir sozinha em paz, estava ferida.

No caminho até a mesa mandou um whats no grupinho:

Tina: Rafael deu match comigo no Tinder! Não sei o que dizer, apenas sentir...
Bia: Oi? Como assim?
Tina: Cliquei sem querer. Aí agora veio a notificação que ele me deu coração. Tô num encontro, mas tô #chatiada.
Bia: Calma. Pelo menos leva o date até o fim e depois resolve o que fazer. Não se boicote mais.
Tina: vou fazer isso, obrigada.

Sim, Tina não queria mais se boicotar. Diante disso, sacudiu os cabelos igual Inês Brasil saindo do avião e voltou para a mesa.

- Desculpe Thiago, o banheiro estava lotado e depois eu não encontrava o batom na bolsa.


***




Marcela não respondeu no grupinho do whatsapp porque estava chegando na casa do mordedor.

O terceiro encontro.

Estava particularmente ansiosa, iria passar a noite na casa do moço. Não que nunca tivesse feito isso antes, mas estava nervosa porque sim.

Quando chegou, avisou pelo whatasapp ainda no táxi. Viu que ele estava na janela. Em pouco tempo desceu. Vestia uma roupa típica de ficar em casa: bermudinha e regata branca. Em outra situação talvez achasse cafona, mas achou fofo e até mesmo sexy.

Na sala a mesma rádio estava sintonizada.

Logo ele ofereceu uns três tipos de bebida para Marcela. Achou fofa aquela tentativa de agradar. Mas o mordedor já havia agradado. Não exatamente mordendo, mas pela maneira como estava conduzindo os encontros.

Sentiu-se querida, bem-vinda. Ele trouxe duas cervejas, Marcela adorava.

Entre um beijo e outro e um gole de cerveja o mordedor dizia: “você é linda”.

Marcela estava boba. Não que não tenha pensado que tudo o que o mordedor estava fazendo fosse apenas uma forma de se divertir, como outros já haviam feito, mas seja como for, era uma sensação deliciosa.

E como toda novidade demanda, sentiu um pouco de medo.

Medo porque depois de Romeu ergueu diversas barreiras contra tudo que pudesse lhe ferir.

“Meu Deus, meu Deus, o que eu faço?”

Pensou, enquanto o mordedor pegava a garrafinha de sua mão e a puxava para o quarto.


Na sala a música continuava tocando. Não saberia precisar que música era, tempos depois, porque só conseguia manter o foco no beijo do mordedor. Sobre aquele momento, a única coisa que recordaria ter pensado era: “Eu poderia beber uma caixa de você”. 

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