terça-feira, 18 de agosto de 2015

Cidades em Miniatura







Ainda na cama, abraçada com ele, olhou pela janela e viu, do alto daqueles incontáveis andares, toda a extensão da cidade, como se fosse uma miniatura iluminada por milhares de micro lâmpadas.

Ficou tão fascinada com a escuridão da noite riscada por aqueles minúsculos raios de luz que se desvencilhou dos braços dele, com cuidado, e parou na frente da janela, que ia do chão ao teto.

Pensou em tirar uma foto, mas jamais reproduziria o mesmo inacreditável frame de filme.

Era mesmo como num filme.

Um filme colorido à mão.

“Agora eu vejo em technicolor”, disse ela. Afinal, no automatismo do dia a dia, tudo parece cinza.

Olhou para cama e ele ainda dormia, ressonando delicadamente. Como se fosse suspiros em estado de sonho. Ainda vestia sua camisa floral. Talvez ele estivesse realmente sonhando.

Ela voltou a olhar pela janela e imaginou seus passos por aquelas mini ruas.

Os passos que a fizeram sair de casa para se encontrar com ele, ainda dia.

Os passos que a fizeram entrar no transporte coletivo, exausta de calor.

Os passos que a fizeram descer no ponto devido e caminhar ladeira acima.

Os passos que a fizeram dobrar a esquina e o avistar, esperando por ela.

Os passos que conduziram os dois até aquele quarto onde, agora, observa a noite iluminada.

Mas os passos também a levaram para a realidade.

Voltou para a cama e se encaixou novamente no abraço dele.

E acordou.

Tudo não passou de um sonho. Para ter certeza, olhou para a janela, que não era a mesma, e a única coisa que avistou foi a parede do prédio em frente.

Mas a sensação de frame cinematográfico ainda enchia o ambiente, como se tivesse saído do ar condicionado e se espalhado.

Olhou para ele e dormiu mais uma vez. Talvez sonhasse.




18/8/2015

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