No ônibus um senhorzinho sentou na sua frente.
Cuidadosamente ele retirou de uma sacola um LP muito antigo, carcomido pelo
tempo e com a capa riscada por um dos prováveis muitos donos que teve.
Ele retirou a bolacha (ou biscoito?) de vinil negro da
embalagem e do saco plástico que o envolvia.
Com maestria arrancou as rebarbas do plástico, ajeitou o
disco e o colocou de volta no invólucro de papelão amassado.
Ninguém haveria de saber, mas aquela ação, que não durou nem
dois minutos, retirou de dentro do seu cérebro um tanto de memórias rotativas,
guardadas e marcadas pelos anos, empoeiradas e, talvez, em comprometido estado
de funcionamento.
O senhorzinho contemplou o disco mais uma vez, num gesto que
só a saudade permite, e guardou as lembranças.
12/8/2015
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