domingo, 29 de novembro de 2015

Amores Wi-Fi - Temporada 6 Episódio 11: Tentativas e Expectativas




Tina acordou com uma enorme dor de cabeça da ressaca. Mas não havia bebido. Era uma ressaca emocional. Na noite passada se embriagou com uma mistura de emoção e culpa que nem o pior dos drinks poderia oferecer.

Olhou para o lado e Rafael ainda dormia. Como num estado comum de embriaguez, a cabeça girou e foi, aos poucos, recordando a noite passada.  

Assim que entrou no apartamento sentou no sofazinho perto da porta. Rafael ofereceu uma bebida, mas negou. E disse pra ele.

- Por que diabos você me mandou aquela mensagem no Tinder, hein?????? Pra que isso? Depois de meses fugindo. Fique sabendo que eu cliquei no coração sem querer, e você???? Será que você pode falar alguma coisa, Rafael?

Rafael nada disse. Em vez de se explicar, segurou Tina pelos braços e a beijou. Tina teve o único trabalho de fechar os olhinhos e se entregar aos braços de Rafael, no melhor estilo narrativo dos romances Júlia e Sabrina, como contaria para as amigas mais tarde.

Sentiu uma ponta de tristeza por ter cedido, por ainda não ter explicação sobre o ocorrido, sem contar o rancor por ter sido largada. Mas também sentiu felicidade por estar de volta. Mesmo que fosse uma única vez.

De qualquer forma saiu da cama, calçou o tamanquinho e foi catar suas roupas espalhadas na sala. Dolorida pela noite de sexo descomunal, deixou o apartamento de Rafael, mas no fundo sabendo que ia voltar.

***


Bia estava articulando o mais novo contato do Tinder.

“Meu deus eu não tomo jeito”, repreendeu-se ligeiramente. Mas não havia tempo a perder, era melhor do que ficar jogada no sofá esperando alguém bater na sua porta com um crachá de príncipe.

O moço da vez se chamava Alison. Um homem interessantíssimo. Jovem, artista e, ao que parecia, totalmente desprendido. Tanto que a convidou para sair assim que começaram a conversar, no sentido de “não temos nada a perder”.

E aceitou.

Marcaram de se encontrar em um bar no centro da cidade, no final da tarde. Bia nunca havia ido naquele lugar, então, contava com no mínimo esse benefício. Conhecer um novo bar.

No horário marcado, só quando desceu do táxi percebeu que o estabelecimento estava fechado. Não abriria naquele dia.

Olhou para os lados e a rua estava quase deserta. “Você sabe o que eu fiz? Eu tive medo”, diria ela para Marcela, mais tarde, quanto contaria sobre o date. 

Enviou uma mensagem para Alison, que estava atrasado, e disse que o esperaria num bar da rua paralela. Ele disse que estava em casa, se arrumando, e logo chegaria.

Assim Bia escolheu uma mesinha na beira da calçada de um boteco meio xexelento. Era o único aberto nas redondezas. Num lado um casal jantava, do outro apenas a passagem livre da calçada.

Ficou ali, sentadinha, enquanto uma ventania repentina embaraçava seus cabelos.

***


Bem antes de Bia encontrar Alison, Marcela foi reencontrar Henrique no horário do almoço. Estava decidida a ser beijada.

O encontrou no hotelzinho e depois decidiriam onde almoçar.

- Onde vai me levar essa tarde? – Quis saber ele.

“Pra minha cama”, pensou Marcela.

- Vamos almoçar, depois visitaremos uns parques e por fim quero te levar em um café e em um bar que adoro.

E assim foram. Enquanto subiam as ladeiras da cidade, Marcela tentava disfarçar a sua forma física de idosa. Não falava muito para não mostrar que estava ofegante. Mas a verdade é que estava nervosa e sem assunto.

De vez em quando ele falava algo, e só quando subiram totalmente a ladeira Marcela conseguiu conversar com mais naturalidade. Mas ainda um pouco nervosa.

Porque estava com muita vontade de beijar Henrique. “Foda-se que ele vai embora, quero esse homem pelo tempo que for!”.

E foi só depois de almoçar, passar um tempo fazendo fotos num parque, e chegar no segundo lugar de visita, é que finalmente Henrique a beijou.

Não havia movimento, Marcela ficou com medo de ser assaltada novamente.

Mas o que importou foi a constatação de que Henrique beijava muito bem. Ahhh, como é bom ter expectativas supridas.


Enquanto era abraçada com toda a ternura do mundo, Marcela pensava, extasiada: “Meu Deus do céu, eu acho que perdi o movimento das pernas!”. 



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