segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Amores Wi-Fi - Temporada 6 Episódio 13: Eu Vejo Adeus nos Olhos Dele







Tina tentava em vão falar com as meninas por whatsapp.

- Devem estar dando, aquelas vagabundas!

Gritou num momento de raiva. Precisava desabafar, contar de Rafael, precisava que alguém dissesse que estava perdendo a cabeça e que retomasse o juízo.

Mas isso sabia que não podia. Porque juízo nunca teve.

Então sentou-se diante do espelho. Queria que ele falasse alguma coisa, enviasse algum sinal, mas nem ele estava lhe dando atenção. Não estava sendo uma noite fácil. Queria estar com Rafael de novo.

Foi então que recebeu uma mensagem dele, quebrando o silêncio desde que saíra de sua casa.

Rafael: Oi Tina, tudo bem?
Rafael: Por que você foi embora tão rápido?
Rafael: Achei que a gente fosse conversar.
Tina: Ué, eu tentei, mas você me puxou pra cama...
Rafael: Eu tava com saudades.

Tina sentiu suas articulações se soltando, e aos poucos foi se desmontando toda diante daquela frase. Não estava preparada.

E assim, Tina entrou novamente em mais um de seus flashbacks do tempo de escola.


Tina, então uma mocinha, estava voltando pra casa quando lembrou de um menino que era louca pra sair. Ele fazia parte do grupo de jovens da igreja, e por isso Tina havia entrado no grupo, para estar perto dele.

Era uma tortura passar as tardes entoando músicas religiosas e participar de encontros com outras paróquias, mas tudo por ele.

Neste dia Tina resolveu ser direta. Estava passando por um orelhão e ligou para ele. Não tinha linha na sua casa, era difícil ter telefone naquela época.

- Alô, Paulo? É a Tina!
- Oi Tina, tudo bem?
- Tudo ótimo! Olha só, to ligando porque estava com saudades!
- Hã... eu to com visita em casa, a gente vai se falando tá? Tchau!

Tina voltou do flashback.

E assim sentiu-se meio Paulo naquele momento. Paulo certamente não estava com saudades, mas fugiu. Tina estava com saudades, mas fugiria também.

Tina: Hã... eu to com visita em casa, a gente vai se falando tá? Tchau!

E assim foi tomar um banho para dormir. Essa seria a melhor forma do seu dia terminar em meio a tanta confusão afetiva.

***


Marcela e Henrique chegaram no seu bar favorito. Estava lotado, mas um casal resolveu dividir um espaço no sofá com eles. Foram logo pedindo drinks e petiscos.

Estava tocando uma playlist diversificada, mas assim que sentaram tocou uma música da Meredith Brooks, que Marcela havia inclusive cantado num karaokê uma vez.

- Amo essa música! – Falou Henrique.

E Marcela se encheu de uma felicidadezinha boba. Porque aquela música falava um pouco sobre o momento. Ela se sentia um pouco de tudo perto de Henrique. Uma pecadora e uma santa. Como pode um homem provocar tantas sensações?

Os dois ficaram cantarolando a música juntos até o final, e trocaram mais uns beijos com gosto de mojito e caipirinha.


Marcela já estava alterada, mas nada disse a respeito de transar. Estava curtindo a vibe pseudoamorosa que Henrique lhe proporcionava.

Por alguns momentos fez de conta que estava numa relação de verdade, que Henrique não iria embora, que iria acordar com ele muitas vezes. E só então percebeu o quanto estava sendo ridícula. O quanto estava vazia por imaginar essas coisas.

E o pior de tudo era saber que esse sentimento era unilateral.

Henrique, por mais que estivesse gostando de sua companhia, iria chegar em casa e tocar a vida. Seguir em frente, com outros crushes. Com o tempo Marcela se tornaria aquela amiga querida que lhe acompanhou por lugares divertidos em uma cidade diferente.

Nos olhos dele já via um adeus.


Diante de todos esses pensamentos resolveu creditar tanta merda ao fato de estar bêbada. Então apenas segurou na mão de Henrique e aproveitou o momento que tinha. 

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