Trilha inicial:
https://www.youtube.com/watch?v=AdAsTtOBQGQ
Às vezes o
que a gente precisa é descomplicar. E que a parte interessada faça o mesmo. Bia
vinha praticando isso, especialmente ao dar oportunidade para vários encontros,
pois, além de estar de fato fazendo uma tentativa, estava aprendendo
antropologicamente.
*som de match
no Tinder*
Como neste
caso. Menino bonito, várias fotos interessantes, talvez um pouco novo demais,
mas não podia ser tão exigente, afinal, sendo maior de idade o resto era
negociável (com ela mesma).
Eles
começaram a boa e velha conversa despretensiosa.
- Oi.
- Oi.
- Tudo bem?
- Tudo, e
você?
- Tudo bem
também.
- Que bom.
Até o rapaz
resolver estender a sua resposta.
- Na verdade
não estou nada bem. Acabei de perder meus pais num acidente, estou desesperado,
não sei o que fazer da minha vida, está tudo uma bosta, só consigo chorar.
Bia ficou
olhando o celular por alguns minutos e só conseguiu responder: “meus pêsames”.
Na verdade
desconfiou da veracidade daquela história. Tinha faro aguçado para golpes. Como
uma vez que um homem maravilhoso deu match e, no primeiro contato mandou a
tabela de preços. Prostituto de luxo! Tempos depois deu match novamente, mas
sem tabela de preços. Dessa vez ele informou estar na Argentina, porém a
distância mostrada era de 4 km.
“Caralho acha
que sou burra?”, pensou.
O fato é que
achou estranho o papo do então órfão. Alguém de luto dificilmente estaria
caçando, abaixo de suas próprias lágrimas, postando fotos sem camisa, querendo
uma fodinha. Talvez fosse sua maneira de lidar com a situação, mas o fato é
que, verdade ou não, Bia não queria ser psicóloga de ninguém, muito menos de
pretendente a date.
Não falou
mais com o menino.
Largou o
telefone e foi se produzir para encontrar Marcela na festa de aniversário.
“Hoje vou bem
gata, a noite será dos homens ao vivo”, pensou.
***
Trilha desta
cena: https://www.youtube.com/watch?v=Obi4iELWJ3Y
Marcela e
Henrique haviam acabado de jantar. Pizza com nozes, uma das favoritas de
Marcela.
Precisariam
chegar cedo para pagar o valor mais barato do ingresso. “Pobreza”, pensou,
enquanto fazia Henrique mastigar com mais rapidez para não perderem o prazo.
Era perto e
poderiam ir caminhando, assim digeriam a comida mais rápido.
Quando chegaram, a aniversariante, uma amiga de Bia e Marcela, a Rafaela, ainda
não havia chegado com o namorado, o Agostino.
Marcela não
era fã daquele bar, que normalmente tocava umas playlists musicais que não era possível nem dançar e nem ficar
parada. Mas foi, porque gostava muito de Rafaela.
Logo depois
Bia chegou e mais uns amigos, e na sequência Rafaela e Agostino.
Na pista de
dança Marcela e Henrique sentiram falta de uma música mais pop, então ocupavam
a falta de dança com abraço e beijo na boca.
Bia circulava
pela pista, até que esbarrou em um contato do Tinder, um rapaz chamado Andrey,
o qual nem falava mais após tentativas fracassadas de encontro.
- Oi, tudo
bem?
- Tudo, e
você?
- Tudo ótimo.
Bia seguiu
caminhando por entre as pessoas espremidas e as luzes coloridas que vinham do
teto, mas, ainda naquela noite, iria beijar Andrey. E reencontrar um antigo
caso.
***
Trilha desta
cena: https://www.youtube.com/watch?v=WEQ0l_m3Xm0
Tina chegou
no prédio calma, lívida, de m jeito que só o desespero é capaz de proporcionar.
Estava
desesperada por dentro. Desesperada para resolver sua situação, em abrir o jogo
com Rafael e dizer que queria voltar pra ele.
Quando entrou
no apartamento Rafael não a esperava, pelo expressão de surpresa que fez. Mas
ele entendeu que deveria se explicar, mesmo tanto tempo depois.
- Eu surtei,
Tina, não deveria ter agido daquela forma com você, que precisava de apoio. Eu
nunca soube lidar com situações extremas de dificuldade. Me perdoe por eu não
ter sido o homem que você esperava que eu fosse.
Era tudo o
que Tina queria ouvir, e nem precisou falar nada. Abraçou Rafael e depois
transaram, como nos bons tempos, depois que tinham alguma briga boba. E era o
que pareceu ter ocorrido, uma briga boba de alguns minutos, e não uma briga que
os separou por meses.
Depois do
sexo conversaram sobre o tempo que estiveram separados. Rafael não havia
namorado ninguém, por isso salientou que, no dia que a encontrou na saída do
banco, com cupcakes na mão, era para a mãe dele. Não havia ninguém, salvo
saídas ocasionais sem importância.
Tina ouvia
tudo com atenção e um certo aperto no peito, algo que não podia explicar a
causa. Rafael adormeceu com o passar das horas, mas Tina permaneceu acordada,
iluminada apenas pela luz fraca que vinha da rua, na mesma posição até o nascer
do sol.
***
Trilha desta
cena: https://www.youtube.com/watch?v=trR5ROuf1Uk
Bia havia
trocado vários beijos com Andrey até o momento que ele foi embora. Continuou
lá, tentando dançar aquela música estranha, quando avistou Bebezinho. Havia
ficado com ele em uma festa de world music, quando até então achava que ele era
gay.
Depois
daquele dia nunca mais havia falado com ele, e vê-lo ali, naquela pista de
dança, lhe imprimiu um calor no peito.
Ele passou por ela sorrindo de forma sedutora, e tocou em seu rosto. E nada
mais aconteceu.
“Ainda pego
esse homem novamente”, pensou.
(Relembre o
episódio do Bebezinho aqui: http://bit.ly/1XwzHfP)
Rafaela
resolveu ir embora da própria festa. Como acharam que o lugar não estava
rendendo, Marcela, Henrique, Bia e outros conhecidos foram terminar a noite em
um bar próximo que costumavam frequentar.
Marcela
circulava pelas ruas de mãos dadas com Henrique, meio que curtindo a vibe
namoradinha. Adorava o fato de estar sendo observada pelas outras. Henrique de
fato chamava a atenção.
Chegaram no
bar e escolheram uma mesinha na calçada.
Com cerveja e
muita conversa o tempo passava. De repente um estampido. Por um segundo marcela
achou ser fogo de artifício, mas foi só quando todo mundo se atirou no chão é
que percebeu do que se tratava, e gritou:
- É TIRO!
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