quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Amores Wi-Fi - Temporada 6 Episódio 17: A Escola de Amores







Marcela abriu a boca para falar e disse:

- Que calor né?

Não teve coragem de dizer QUERO TRANSAR COM VOCÊ. Pra não ficar perdida no comentário idiota sobre o clima, falou:

- Me dá um beijo?

E Henrique a beijou. Ali mesmo, na salinha do hotel.

Se sentiu aquela menina que um dia teve medo do que poderia existir dentro da cueca de um homem.

E quando conheceu o que tinha dentro da cueca de um homem (e gostou), passou a ter medo do que tinha dentro de um homem.

Na maioria das vezes não era coisa muito boa.

Havia muito egocentrismo, más intenções e até inseguranças. E tudo se revertia em um comportamento que afetava quem não devia. No caso, as mulheres.

Será que Henrique tinha medos? Será que ele sentia a mesma vontade que ela? Será que estava inseguro?

Não tinha como saber, ao menos não naquele momento. Marcela guardou o presentinho e foram pra rua.

“Meu Deus, amanhã é o último dia de Henrique aqui!”, pensou, entristecida.

E antes de ficar mais triste o puxou pra rua. O dia estava bonito, a chuva não mais caía e precisava curtir o tempo que tinha. Henrique queria visitar um museu, e assim foi a tarde, circulando entre paredes quase despidas, ostentando apenas retratos indecifráveis.

***


Tina conseguiu sair da cama com muito esforço para não acordar Rafael.

Foi ao banheiro, jogou água na cara, borrando o resto de maquiagem, e se vestiu. Pensou em deixar um bilhete, mas não tinha nada pra dizer naquela hora.

Nem sabia o que teria pra dizer, porque, na verdade, nem sabia o que queria direito. Só queria dançar nua, mas estava na rua e não pegaria bem.
Pegou o celular e mandou mensagem no grupinho das meninas.

Tina: Oi meninas, tudo bem?
Tina: Eu estou com saudades, e mais do que isso, tô apavorada.
Tina: Queria ver vocês.
Bia: Ô mulher, que foi? Quer almoçar comigo?

E assim aconteceu uma meia convenção de bruxas.

Tina relatou todo o seu dilema, desde a primeira recaída com Rafael. Bia ouvia tudo com atenção, e pensava que, na verdade, não poderia ser a pessoa mais indicada para abordar o assunto, pois vasculhando seu histórico escolar dos romances, havia nota zero por falta de frequência na disciplina Relacionamentos Duradouros.

Na escola amorosa, Bia era a aluna que sempre chegava atrasada. E quando entrava na sala de aula, nunca entendia a matéria. Nas provas que teve não sabia como responder perguntas que eram feitas. Nos testes de última hora às vezes se dava bem, porém por conta do improviso.

Na escola amorosa, Bia foi aquela que tentava copiar as respostas dos outros, pois achava que tudo era uma fórmula que podia ser aplicada em várias situações. Por isso que, depois da escola amorosa, Bia foi reprovada no Enem do Amor. Por isso está empacada, sem rumo. Chegou atrasada na prova principal.

Mas ainda havia tempo, nem que precisasse cursar um EJA relâmpago.

Já Tina era a bagunceira da turma da mesma escola, mas aprendia bem as lições. Porém havia algum transtorno de atenção que não lhe deixava aplicar de forma correta o que aprendia.

E estavam as duas ali, alunas repetentes, com suas notas vermelhas no boletim, tentando achar uma resposta para as múltiplas escolhas.

- Eu acho, Tina, que você precisa avaliar você mesma. Se você não tiver certeza do que quer, não poderá fazer nada.

- O mesmo vale para você, né?

- Sim, vale mesmo.

E brindaram com cerveja.

***



Talvez Marcela também precisasse de um desempenho melhor na mesma escola que as meninas. Estava novamente insegura.

Saíram do museu e foram para um bar no bairro boêmio. Estavam bebericando e conversando, quando duas moças passaram distribuindo preservativos com sabor de fruta.

Fora o lance ridículo do sabor, era o momento perfeito para cair nos braços do homem.

Os dois se olharam, riram e continuaram conversando.

Viu que sua oportunidade estava indo embora, pois no outro dia, durante a tarde, iriam se despedir. Henrique voltaria para casa.

Porém não estava lamentando mais. A insegurança desapareceu com o último gole da bebida.

Percebeu que talvez fosse bom não ultrapassar certas fronteiras. “Afinal, eu tenho convicção de que poderia me envolver, e não posso”, concluiu.

Ou quem sabe o único problema fosse o fato de também ter ido mal na mesma escola das suas amigas. E faltou na disciplina que ensinava a derrubar as próprias barreiras.

Era assim que Marcela se sentia quando estava prestes a se superar: (clique aqui



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