terça-feira, 11 de outubro de 2016

Amores Wi-Fi - Temporada 7 Episódio 12: Cidades em Miniatura





Thiago estava pensando em Tina. Para variar. E no final da hora extra de trabalho em pleno sábado.  

Aquela fixação por Tina estava atrapalhando a sua produtividade. O café continuava sendo bebido para espantar o sono, que era por conta das lembranças de Tina. A comida continuava sendo ingerida em grandes quantidades, mas era por conta da ansiedade de estar pensando em Tina.

Tina.

Tina.

Enviava email para os clientes: “Obrigado Tina, uma boa tarde”, “Bom dia Tina, precisamos resolver o problema da entrega anterior”, “Tina, alguma notícia do material solicitado?”.

Estava sendo mais difícil do que imaginava esquecer Tina, porém mais fácil gostar ainda mais daquela mulher.

Naquele exato momento Tina pensava nele. Chegava em casa depois de muitas andanças na rua para digerir os doces que havia comido, e vê-lo na lojinha. Estava sendo mais difícil do que pensava esquecer Thiago, porém mais fácil gostar ainda mais daquele homem. Nem mesmo Rafael a deixara daquele jeito, nos ápices de seu pseudo envolvimento.

Thiago.

Thiago.

Foram muitas as vezes em que conteve o impulso de pegar o telefone e enviar uma mensagem. Era assim mesmo, pensou ela, o desapego custava ânimo e tempo.


***



Roni e Marcela fizeram sexo por bastante tempo. De um jeito desajeitado, pois Marcela misturou em uma taça imaginária uma mistura de nervosismo e insegurança com o próprio corpo. Vergonha boba que sentiu em se despir pela primeira vez para Roni.

Mas foi incrível. Para os dois.

Depois de algumas horas que não soube dizer quantas eram, porque a confusão na chegada ao hotel lhe fez perder a noção de tempo, tomaram um banho e foram jantar e beber.

- Podemos fazer algum lanche, beber algo e depois irmos na festa de um amigo. – Disse Roni.

Marcela concordou, e assim começaram a beber. Mesmo com a experiência um tanto traumática do encontro anterior, continuaram bebendo. Lá pelas altas horas da noite resolveram voltar ao hotel para trocar de roupa e irem para a tal festa.

Mas não houve festa. E nem houve mais sexo. Roni, mais uma vez, caiu no sono. Marcela achou bonitinho observá-lo dormindo, e ligou a TV para assistir o Altas Horas. E assim o tmepo passou.


Ainda na cama, abraçada com ele, olhou pela janela e viu, do alto daqueles incontáveis andares, toda a extensão da cidade, como se fosse uma miniatura iluminada por milhares de microlâmpadas.

Marcela fcou tão fascinada com a escuridão da noite riscada por aqueles minúsculos raios de luz que se desvencilhou dos braços dele, com cuidado, e parou na frente da janela, que ia do chão ao teto.

Pensou em tirar uma foto, mas jamais transmitiria o mesmo inacreditável frame de filme.

Era mesmo como num filme.

Um filme colorido à mão.

“Agora eu vejo em technicolor”, disse ela. Afinal, no automatismo do dia a dia, tudo parece cinza.

Olhou para cama e ele ainda dormia, ressonando delicadamente. Como se fosse suspiros em estado de sonho. Ainda vestia sua camisa floral. Talvez ele estivesse realmente sonhando.

Ela voltou a olhar pela janela e imaginou seus passos por aquelas mini ruas.

Os passos que a fizeram sair de casa para se encontrar com ele, ainda dia.

Os passos que a fizeram entrar no transporte coletivo, exausta de calor.

Os passos que a fizeram descer no ponto devido e caminhar ladeira acima.

Os passos que a fizeram dobrar a esquina e o avistar, esperando por ela.

Os passos que conduziram os dois até aquele quarto onde, agora, observa a noite iluminada.

Mas os passos também a levaram para a realidade.

Voltou para a cama, se encaixou novamente no abraço dele.

E acordou.

Tudo não passou de um sonho. Para ter certeza, olhou para a janela, que era diferente, e a única coisa que podia avistar era a parede do prédio em frente.

Mas a sensação de frame cinematográfico ainda enchia o ambiente, como se tivesse saído do ar condicionado e se espalhado.


Olhou para ele e dormiu mais uma vez. Talvez sonhasse.

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