Trilha inicial: https://www.youtube.com/watch?v=vPzDTfIb0DU
Thiago estava pensando em Tina. Para
variar. E no final da hora extra de trabalho em pleno sábado.
Aquela fixação por Tina estava atrapalhando
a sua produtividade. O café continuava sendo bebido para espantar o sono, que
era por conta das lembranças de Tina. A comida continuava sendo ingerida em
grandes quantidades, mas era por conta da ansiedade de estar pensando em Tina.
Tina.
Tina.
Enviava email para os clientes: “Obrigado
Tina, uma boa tarde”, “Bom dia Tina, precisamos resolver o problema da entrega
anterior”, “Tina, alguma notícia do material solicitado?”.
Estava sendo mais difícil do que imaginava
esquecer Tina, porém mais fácil gostar ainda mais daquela mulher.
Naquele exato momento Tina pensava nele. Chegava
em casa depois de muitas andanças na rua para digerir os doces que havia
comido, e vê-lo na lojinha. Estava sendo mais difícil do que pensava esquecer
Thiago, porém mais fácil gostar ainda mais daquele homem. Nem mesmo Rafael a
deixara daquele jeito, nos ápices de seu pseudo envolvimento.
Thiago.
Thiago.
Foram muitas as vezes em que conteve o
impulso de pegar o telefone e enviar uma mensagem. Era assim mesmo, pensou ela,
o desapego custava ânimo e tempo.
***
Trilha desta cena: https://www.youtube.com/watch?v=n1AJvIzCBTQ
Roni e Marcela fizeram sexo por bastante
tempo. De um jeito desajeitado, pois Marcela misturou em uma taça imaginária
uma mistura de nervosismo e insegurança com o próprio corpo. Vergonha boba que
sentiu em se despir pela primeira vez para Roni.
Mas foi incrível. Para os dois.
Depois de algumas horas que não soube dizer
quantas eram, porque a confusão na chegada ao hotel lhe fez perder a noção de
tempo, tomaram um banho e foram jantar e beber.
- Podemos fazer algum lanche, beber algo e
depois irmos na festa de um amigo. – Disse Roni.
Marcela concordou, e assim começaram a
beber. Mesmo com a experiência um tanto traumática do encontro anterior,
continuaram bebendo. Lá pelas altas horas da noite resolveram voltar ao hotel
para trocar de roupa e irem para a tal festa.
Mas não houve festa. E nem houve mais sexo.
Roni, mais uma vez, caiu no sono. Marcela achou bonitinho observá-lo dormindo,
e ligou a TV para assistir o Altas Horas. E assim o tmepo passou.
Trilha final: https://www.youtube.com/watch?v=dQ10mAp12io
Ainda na cama, abraçada com ele, olhou pela
janela e viu, do alto daqueles incontáveis andares, toda a extensão da cidade,
como se fosse uma miniatura iluminada por milhares de microlâmpadas.
Marcela fcou tão fascinada com a escuridão
da noite riscada por aqueles minúsculos raios de luz que se desvencilhou dos
braços dele, com cuidado, e parou na frente da janela, que ia do chão ao teto.
Pensou em tirar uma foto, mas jamais
transmitiria o mesmo inacreditável frame de filme.
Era mesmo como num filme.
Um filme colorido à mão.
“Agora eu vejo em technicolor”, disse ela.
Afinal, no automatismo do dia a dia, tudo parece cinza.
Olhou para cama e ele ainda dormia,
ressonando delicadamente. Como se fosse suspiros em estado de sonho. Ainda
vestia sua camisa floral. Talvez ele estivesse realmente sonhando.
Ela voltou a olhar pela janela e imaginou
seus passos por aquelas mini ruas.
Os passos que a fizeram sair de casa para
se encontrar com ele, ainda dia.
Os passos que a fizeram entrar no
transporte coletivo, exausta de calor.
Os passos que a fizeram descer no ponto
devido e caminhar ladeira acima.
Os passos que a fizeram dobrar a esquina e
o avistar, esperando por ela.
Os passos que conduziram os dois até aquele
quarto onde, agora, observa a noite iluminada.
Mas os passos também a levaram para a
realidade.
Voltou para a cama, se encaixou novamente
no abraço dele.
E acordou.
Tudo não passou de um sonho. Para ter
certeza, olhou para a janela, que era diferente, e a única coisa que podia
avistar era a parede do prédio em frente.
Mas a sensação de frame cinematográfico
ainda enchia o ambiente, como se tivesse saído do ar condicionado e se
espalhado.
Olhou para ele e dormiu mais uma vez.
Talvez sonhasse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário