terça-feira, 11 de outubro de 2016

Amores Wi-Fi - Temporada 7 Episódio 13: Reset Emocional





Marcela e Roni acordaram quase na tarde de domingo.

Foi um amanhecer em várias etapas. Acordou diversas vezes, e dormiu diversas vezes. Sempre abraçada em Roni.

“Já nem lembrava mais o que era acordar sob um mínimo de ternura”, pensou.

Nem tiveram tempo de nada. Roni levantou, tomou um banho correndo e arrumou as coisas para fazer o check-out. Embarcava na rodoviária pouco depois do meio dia.

Antes ele desculpou-se por ter adormecido e feito eles perderem a festa.

- Eu acordei no meio da madrugada, mas você estava dormindo. Na TV passava o Corujão. Desliguei e voltei a dormir.

Disse ele, meio sem jeito.

- Não tem problema, eu não estava muito afim de ir em festa. Só lamentei não termos feito outras coisas haha.

Marcela se ajeitou e foram embora.

O caminho até a rodoviária pôde ser feito a pé. Durante o trajeto falaram pouco, como se na intimidade que haviam ganho tivesse ficado cochilando na cama desfeita. Talvez a arrumadeira a acordasse em tempo de conversarem mais um pouco.

Mas ela não chegou.

Roni acompanhou Marcela até o metrô, que ficava pertinho.

- Bom, é isso então. Adorei a noite. Espero voltar em breve.

- Eu também gostei muito. E volte sim.

Não teve beijo. Teve um abraço cordial, como se Marcela fosse aquelas amigas que vão em casa vender cosméticos. Um abraço por educação. Um abraço apressando a despedida.

Desceu as escadinhas da estação do metrô com uma sensação de vazio. Enquanto passava pelas catracas, a intimidade entrou na estação. Mas era tarde. Roni já havia se direcionado para o embarque, e Marcela estava próxima da plataforma. E a intimidade não tinha dinheiro para a passagem.


***


Marcela chegou em casa sob um efeito de ressaca, mas não era da bebida. Era uma ressaca afetiva. O dia anterior, e até mesmo a noite, haviam provocado uma mistura de sensações tão grande que lhe provocou vertigens e dor de cabeça.

- Que cara é essa?

Perguntou Bia.

Sua cara estava dividida ao meio. Como se fosse um doce io-iô crem. Num lado, a alegria de ter reencontrado Roni representava o chocolate branco; no outro, a preocupação por aquela despedida burocrática representava o chocolate preto. Chocolate preto deveria ser sempre melhor, pensou, mas combinava mais com sua inquietação. Ao menos era da cor das olheiras que estampava no rosto.

Marcela contou sobre a noite e sobre a despedida. Confessou ter ficado aflita, mas ao mesmo tempo se achando ridícula, pois mal se conheciam.

- Amiga, não se ache ridícula. Ficar chateada com uma situação dessas não significa que você se apaixonou loucamente por um desconhecido, apenas que gostaria de uma forma diferente de terminar a noite.

Concordou em silêncio e foi para o quarto.

Enquanto Bia combinava um date qualquer, tentou dormir mais um pouco. Precisava recolocar as sensações em ordem. Talvez dormindo e acordando novamente reorganizasse o próprio corpo, como se apertasse no reset do seu organismo.


Tem vezes que as pessoas se parecem com um computador travado. Tudo o que precisam é reiniciar. Nem que fosse por meio de algumas horas de sono. 

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