Trilha deste episódio: https://www.youtube.com/watch?v=EKdoOg-Xfd8
As coisas entre Roni e Macela estavam
realmente diferentes desde a última conversa. Na visão de Roni, e isso ele
falou, era que Marcela havia “cagado e andado” para seus sentimentos.
Marcela tomou o cuidado de explicar que
não, não havia desdenhado de suas intenções, mas que era importante conhecerem
mais um ao outro. Se, por vezes, conhecendo bem alguém as coisas não funcionam,
conhecendo pouco as chances eram bem menores.
Sentiu-se muito adulta por pensar assim. Em
outros tempos, ela estaria no lugar de Roni. Ou talvez era apenas o medo? Não
soube dizer a si mesma, em suas reflexões durante o tempo que gastava no
coletivo ouvindo música e imaginando videoclipes.
Quando chegou em casa, depois de alguns
contatos nada bem sucedidos para trabalho, resolveu escrever novamente no seu
diarinho do Word. Fazia tme pó que não desabafava com ele.
“Olá
diário.
Faz
tempo que não converso aqui. Ainda bem que você me de graça, né? Porque tô
falida. Bem, não tão de graça, tem a conta da luz, etc, mas enfim.
Tô um
pouco preocupada, porque esse moço, o Roni, é um cara e tanto. Faz tempo que
não me permito tanto conhecer alguém, e você bem sabe. Sempre reclamei das
pessoas por coisas que eu mesma criava na minha cabeça.
Algumas
vezes eu antecipei os finais, porque sabia que eles iriam chegar logo, e seriam
bem doloridos.
Com
Roni é diferente, eu apenas me deixo levar por ele. Mas não sei como vai ser,
porque já vi que funcionamos em ritmos diferentes. Será que eu deveria
abandonar as crenças pessoais que me dão segurança, ou apostar em alguma coisa
assim, no escuro?
Você
também não serve nem par ame ajudar, me dar uma resposta que preste. Não falo
mais com você, humpf.”
***
O papo entre Bia e Davi até que fluiu bem.
Parecia haver um interesse mútuo, mas nenhum sinal de que haveria algo mais
íntimo. Talvez ele fosse envergonhado, ou apenas muito educado, e não quis
forçar nada.
O fato é que o encontro estava chegando ao
fim, e Bia não saberia quando o veria de novo.
- Vamos indo para a saída? Já estão vindo
me buscar.
Disse ele, de forma cordial.
Na escada rolante Bia observou ele com mais
atenção, pois acabou ficando na sua frente nos degraus. Era realmente bonito,
tinha jeito de gente rica, e talvez ele tenha achado ela reles demais para ele.
“Eu vou dar na minha própria cara!”, falou
em pensamento, diante daquela constatação depreciativa. “Como queria dar uns
beijos nesse boy!”
Perto da saída, de repente, chegou duas
senhoras bem distintas, bem vestidas.
- Bia, essa é minha mãe e minha tia.
*Beijinhos no rosto*
- Prazer, como vão?
- Estamos bem, obrigada! Vamos, Davi?
Falou a senhora, a sua mãe.
Davi, então, se despediu e disse que
voltaria o quanto antes. Mas Bia sabia que era mentira, as pessoas falam coisas
por educação.
E foi a primeira vez, em muito tempo, que
foi apresentada para a mãe de um homem. Ainda que não tivesse (e nem iria)
acontecer nada entre eles. Um a menos. Mas um dia seria apenas um.
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