terça-feira, 11 de outubro de 2016

Amores Wi-Fi - Temporada 7 Episódio 19: Undererê





Marcela chegou em casa e ainda não havia recebido mensagem de Roni avisando que já estava no hotel.

“Aquela peste deve ter caído no sono mais uma vez”, pensou.

Mesmo assim perguntou pelo whatsapp.

Marcela: Oiee
Marcela: Chegou bem?
Marcela: Avisa assim que puder, criatura.

Ficou olhando o aplicativo processar a mensagem. Segundos intermináveis com aquele ícone girando como se fosse uma roleta de cassino. Tanta espera para, ao final, aparecer o ícone de mensagem não recebida. Como se Roni estivesse com o celular desligado ou sem bateria.

“Deve ter sido isso mesmo, não vou me preocupar, não vou me preocupar”, repetiu, tantas e tantas vezes que até passou a acreditar.

Foi até a cozinha Enquanto isso escutou na sala o som de uma notificação.

- É o meeeeu!

Gritou Bia.

Mensagem de Snapchat. Há muito tempo que não recebia snap.

Abriu o aplicativo afoita para saber se era nude de alguém interessante, ou aquela gente sem noção que posta o mesmo snap na história e no privado. OU aquele tipo de gente que manda snap da festa. Ou aquele tipo de gente que faz snap como se fosse youtuber, e o pior, como se alguém se importasse com o tanto de coisa estúpida que fala.

Depois de muito tempo processando o snap abriu, era de um ex peguete com quem se envolveu por um tempo até que razoável.

Abriu o snap, e na foto, estava ele, o ex peguete e a atual namorada, ambos de roupa íntima na frente do espelho.

- Por que caralho esse homem me mandou snap no privado? Aquele tipo de snap? Por que eu preciso ver ele com a outra?

Esbravejou sozinha. Marcela havia entrado no banheiro.

Aquele “vrá” havia lhe deixado a lição de estar zerada, em mais uma temporada sozinha, que todo mundo a sua volta havia abandonado a busca por alguém em aplicativos. E que ela, somente ela, ainda tentava compreender as coisas e passar pelas próprias barreiras.


***




Thiago entrou no café, e havia meia dúzia de pessoas espalhadas pelas mesas. Na certa alguém em fim de date, ou pessoas se preparando para irem a outros lugares, encontrar outras pessoas e fazer coisas mais divertidas.

Estava mesmo sentindo-se no fundo do poço. Na TV da Samara. Em cima do telhado com medo do ataque dos vermes malditos.

Talvez estivesse sendo mesmo cabeça dura com Tina. Talvez pudesse deixar o bolo para lá, e tantos outros erros que Tina havia cometido, e enfim se acertar.

Mas não era tão fácil.

A garçonete se aproximou.

- Deseja pedir alguma coisa, ou quer um cardápio?

- Não, pode me trazer o café passado direto na xícara, por favor.

- Pois não.


Longe dali, em um bar qualquer, Tina bebia o quinto shot de Tequila e arrancava o microfone do karaokê das mãos de uma mulher para cantar Eliana de Lima.

- Essa música é MINHA!

Gritou, com a dicção prejudicada pelo álcool.

“Agora estou sozinha precisando de vocêêê e você não está por perto pra me ajudaaaaar”, cantava, secando as lágrimas e sujando a roupa com rímel, que não era a prova d’água.

Terminou de cantar, e estava tão sofrida, tão cagada, que ninguém ousou aplaudir aquela manifestação de sofrimento.


Tina pegou mais uma dose e foi sentar na mesa no fundo do bar, e escutar alguém cantando Evidências, apenas para sofrer mais um pouquinho. 

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