terça-feira, 11 de outubro de 2016

Amores Wi-Fi - Temporada 7 Episódio 4: A Garota de Rosa Shocking






Bia e Luciano ficaram se pegando na piscina por horas. Já anoitecia quando ele perguntou se ela queria ir para o quarto. Sentiu um leve tremor, mas aceitou, afinal, já não era mais nenhuma criança, e não havia se depilado por nada.

Passou uma toalha no corpo e entraram na casa. Apesar de Luciano ser maior de idade, sentiu-se uma criminosa, corruptora de menores, aproveitando a ausência dos pais do rapaz para fazerem sexo.

Obviamente analisou o quarto todo no curto espaço de tempo que teve antes de ser puxada. O típico quarto de solteiro: a cama no canto da parede, pôsteres, uma grande TV conectada no computador e no videogame, e roupas caídas pelo chão.

Enquanto desenrolava a toalha ele selecionou um álbum para tocar no Youtube. Achou fofo, mas já havia visto aquele “filme” em algum lugar.

Luciano era ótimo em tudo, pelo que podia constatar. Ele tirou o seu biquíni, e nessa hora já estava mais fervida que chaleira. Com aquela música arrastada sentiu-se num filme soft porn da Band. A própria Emanuele. Só precisava escolher qual personagem seria.  Talvez no filme em que ela vai para o espaço. “Como eu sei de tudo isso?”, se questionou. Mas logo esqueceu, Luciano a deixou ocupada.

Com a mesma velocidade que o seu biquíni foi tirado, ele voltou a cobrir as suas partes. Ouviu um barulho no andar de baixo. Era o irmão de Luciano chegando do trabalho.

- Não tem problema – disse ele, voltando a tirar a parte de baixo do biquíni.

- Não vou me sentir a vontade, você me desculpe.

E deitou na cama, simulando sonolência.

Pouco depois ela levantou e foi ao banheiro se recompor. O sonho de verão havia virado uma chuva desagradável.

- Eu acho que já vou indo, está escuro já. Me acompanha até a porta?

Quando desceram Bia tentou não olhar para o irmão de Luciano. Nem viu se ele a cumprimentou. Sentiu-se péssima. E sentiu-se pior por estar combinando de sair com Andrey também. “Jesus, eu não presto”, pensou. “Ainda bem”.

Despediu-se do rapaz e, apesar do desfecho, considerou vê-lo novamente. No final das contas a tarde havia sido bem gostosa.


***



Tina estava aguardando Thiago. No meio do dia recebeu uma mensagem, lhe convidando para irem a café no centro da cidade. Marcaram de se encontrar direto no lugar.

Chegou cedinho, olhando para os lados, segurando a bolsinha entre as mãos, sentindo-se em alguma cena do filme Gatinhas e gatões ou A garota de rosa shocking. Por coincidência estava usando rosa. Uma Molly Ringwald mais velha, talvez.

Escolheu uma mesa no canto oposto, e tentou relaxar.

Havia muita gente saindo do trabalho naquela hora, muita gente combinando encontros, homens e mulheres esperando seus dates. Pelo tempo que ficou esperando viu as pessoas chegarem, e pôde perceber quem estava se conhecendo e quem já era casal.

Sentiu saudade de primeiros encontros, aquela expectativa velada em não saber se vai acontecer alguma coisa, a tentativa de ler as reações alheias, a adrenalina. Isso tudo quando rolava a tal química.

Às vezes pensava, também, que primeiros encontros eram cansativos. Nos casos em que falhava, havia todo um “voltar para a estaca zero”. Mas ela gostava.

Sentada ali, bebendo água sem gás, não sabia o que estava esperando. Se era um date, se era um recomeço, se era um ponto final. Odiava ponto final, principalmente quando queria reticências.

Pediu um café, e percebeu que alguns dos casais que haviam chegado mais cedo já haviam ido embora, e que outros ocupavam o seu lugar. Havia gente sozinha também, usando computador ou apenas curtindo uma leitura solitária.

E havia ela sozinha.

Se deu conta que mais de duas horas haviam passado. Thiago não iria comparecer. Entendeu aquela ausência, e o silêncio, como um castigo. Sendo assim, pagou a continha, pegou a bolsinha e foi procurar um táxi.

Mais uma vez voltaria sozinha para casa.


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