Bia e Luciano ficaram se pegando na piscina
por horas. Já anoitecia quando ele perguntou se ela queria ir para o quarto.
Sentiu um leve tremor, mas aceitou, afinal, já não era mais nenhuma criança, e
não havia se depilado por nada.
Passou uma toalha no corpo e entraram na
casa. Apesar de Luciano ser maior de idade, sentiu-se uma criminosa, corruptora
de menores, aproveitando a ausência dos pais do rapaz para fazerem sexo.
Obviamente analisou o quarto todo no curto
espaço de tempo que teve antes de ser puxada. O típico quarto de solteiro: a
cama no canto da parede, pôsteres, uma grande TV conectada no computador e no
videogame, e roupas caídas pelo chão.
Enquanto desenrolava a toalha ele
selecionou um álbum para tocar no Youtube. Achou fofo, mas já havia visto
aquele “filme” em algum lugar.
Luciano era ótimo em tudo, pelo que podia
constatar. Ele tirou o seu biquíni, e nessa hora já estava mais fervida que
chaleira. Com aquela música arrastada sentiu-se num filme soft porn da Band. A própria Emanuele. Só precisava escolher qual
personagem seria. Talvez no filme em que
ela vai para o espaço. “Como eu sei de tudo isso?”, se questionou. Mas logo
esqueceu, Luciano a deixou ocupada.
Com a mesma velocidade que o seu biquíni
foi tirado, ele voltou a cobrir as suas partes. Ouviu um barulho no andar de
baixo. Era o irmão de Luciano chegando do trabalho.
- Não tem problema – disse ele, voltando a
tirar a parte de baixo do biquíni.
- Não vou me sentir a vontade, você me
desculpe.
E deitou na cama, simulando sonolência.
Pouco depois ela levantou e foi ao banheiro
se recompor. O sonho de verão havia virado uma chuva desagradável.
- Eu acho que já vou indo, está escuro já. Me
acompanha até a porta?
Quando desceram Bia tentou não olhar para o
irmão de Luciano. Nem viu se ele a cumprimentou. Sentiu-se péssima. E sentiu-se
pior por estar combinando de sair com Andrey também. “Jesus, eu não presto”,
pensou. “Ainda bem”.
Despediu-se do rapaz e, apesar do desfecho,
considerou vê-lo novamente. No final das contas a tarde havia sido bem gostosa.
***
Trilha desta cena: https://www.youtube.com/watch?v=2AA64eCt2zs
Tina estava aguardando Thiago. No meio do dia
recebeu uma mensagem, lhe convidando para irem a café no centro da cidade.
Marcaram de se encontrar direto no lugar.
Chegou cedinho, olhando para os lados,
segurando a bolsinha entre as mãos, sentindo-se em alguma cena do filme
Gatinhas e gatões ou A garota de rosa shocking. Por coincidência estava usando
rosa. Uma Molly Ringwald mais velha, talvez.
Escolheu uma mesa no canto oposto, e tentou
relaxar.
Havia muita gente saindo do trabalho
naquela hora, muita gente combinando encontros, homens e mulheres esperando
seus dates. Pelo tempo que ficou esperando viu as pessoas chegarem, e pôde
perceber quem estava se conhecendo e quem já era casal.
Sentiu saudade de primeiros encontros,
aquela expectativa velada em não saber se vai acontecer alguma coisa, a
tentativa de ler as reações alheias, a adrenalina. Isso tudo quando rolava a
tal química.
Às vezes pensava, também, que primeiros
encontros eram cansativos. Nos casos em que falhava, havia todo um “voltar para
a estaca zero”. Mas ela gostava.
Sentada ali, bebendo água sem gás, não
sabia o que estava esperando. Se era um date, se era um recomeço, se era um
ponto final. Odiava ponto final, principalmente quando queria reticências.
Pediu um café, e percebeu que alguns dos
casais que haviam chegado mais cedo já haviam ido embora, e que outros ocupavam
o seu lugar. Havia gente sozinha também, usando computador ou apenas curtindo
uma leitura solitária.
E havia ela sozinha.
Se deu conta que mais de duas horas haviam
passado. Thiago não iria comparecer. Entendeu aquela ausência, e o silêncio,
como um castigo. Sendo assim, pagou a continha, pegou a bolsinha e foi procurar
um táxi.
Mais uma vez voltaria sozinha para casa.
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